No documento sobre a resposta emergencial de três meses ao Ciclone Chido recebido pela redação da Zumbo FM Notícias nesta sexta-feira, 14 de Março de 2025, a organização Médecins Sans Frontières (MSF) detalhou os avanços e desafios em sua resposta humanitária em Cabo Delgado, após o impacto do Ciclone Chido e anos de conflito armado na região. A MSF conclui a fase de emergência, mas destaca que o trabalho de recuperação continua, principalmente no suporte psicológico e médico à população afetada.
Em 15 de Dezembro de 2024, o Ciclone Chido atingiu com força a província de Cabo Delgado, causando mortes, feridos e extensos danos materiais. O ciclone afetou diretamente quase 700.000 pessoas, com a maioria das vítimas na província de Cabo Delgado e algumas em Nampula e Niassa. No distrito de Mecufi, 99% das casas foram destruídas, e os danos em Metuge e Chiúre foram igualmente severos.
A MSF, que já estava em Cabo Delgado devido à crise do conflito armado, iniciou sua operação emergencial logo após a passagem do ciclone, oferecendo apoio médico e psicológico. A organização também prestou assistência com a distribuição de água potável e reparos nas infraestruturas de saúde danificadas.
Além dos danos físicos, o trauma psicológico causado pela perda de familiares e bens materiais é profundo e generalizado. Ana Mafalda, gerente de atividades de enfermagem da MSF, afirmou que, no pós-ciclone, “as pessoas estavam em um cenário devastador, lutando para dormir e tentar reconstruir suas vidas. O trauma era generalizado.” Para ajudar a aliviar este sofrimento emocional, a MSF ofereceu mais de 320 sessões individuais de aconselhamento psicológico e prestou apoio em grupo a 4.962 pessoas nos distritos de Mecufi e Metuge.
A MSF também treinou funcionários do Ministério da Saúde e agentes comunitários para oferecer primeiros socorros psicológicos, permitindo um atendimento mais amplo à população afetada.
Antes do Ciclone Chido, a província de Cabo Delgado já enfrentava sérias dificuldades devido ao conflito armado, que prejudicou tanto o sistema de saúde quanto a segurança alimentar da população. O ciclone agravou essas condições, destruindo plantações e prejudicando a infraestrutura de água e saneamento, o que contribuiu para surtos de doenças como malária e doenças diarreicas.
De 24 de Dezembro de 2024 a 7 de Fevereiro de 2025, a MSF realizou 6.847 consultas médicas e assistiu 73 partos. Além disso, a organização forneceu 85.000 litros de água potável e fez reparos em duas unidades de saúde, além de instalar banheiros emergenciais e outras estruturas sanitárias nos centros de saúde de Mecufi e Metuge.
Embora a fase emergencial tenha sido encerrada, a MSF sublinha a necessidade de manter o apoio humanitário para garantir a recuperação das pessoas afetadas. “A reconstrução será um processo longo e desafiador”, afirmou Ana Mafalda. “Embora as necessidades imediatas tenham sido atendidas, a reconstrução física e emocional da população vai exigir um esforço contínuo.”
No dia 10 de Março de 2025, Moçambique foi atingido pelo Ciclone Jude, que afetou principalmente a província de Nampula. As equipes da MSF estão atualmente em campo, avaliando a situação para determinar a necessidade de uma nova resposta emergencial. A organização segue comprometida com as necessidades da população e pronta para agir, caso a situação requeira uma nova intervenção. (x)
Por: António Bote
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