Presidentes de Moçambique e da Tanzânia não revelaram teor das conversas consideradas necessárias por analistas
Nyusi manteve conversações com o seu homólogo tanzaniano, John Magufuli, para a definição de estratégias visando enfrentar, com eficácia, o terrorismo nos dois países vizinhos, particularmente em Moçambique.
As conversações foram antecedidas por contactos entre representantes das forças de defesa e segurança dos dois países, em que os ataques terroristas foram tema dominante.
Em meios políticos e académicos afirma-se que esta visita impõe-se, tendo em conta que já houve incursões jihadistas em território tanzaniano e o facto de que do lado da Tanzania havia, no início, menos abertura para a discussão da questão do terrorismo em Moçambique.
Até agora, não houve qualquer comentário dos dois chefes de Estado sobre o encontro.
Para o analista político e director executivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, a visita de Filipe Nyusi à Tanzania impõe-se numa altura em que os dois países sofrem de ataques terroristas "e é preciso encontrar uma solução para isso".
Papel da SADC
Nuvunga refere que os contactos bilaterais são importantes, mas os mesmos deviam acontecer também no quadro da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), em tanto que organismo regional.
Refira-se que Moçambique e a Tanzânia assinaram, em 2020, um Memorando de Entendimento sobre o patrulhamento conjunto da fronteira marítima entre os dois países.
A visita do estadista moçambicano tem lugar numa altura em que em alguns círculos de opinião se afirma que a Tanzânia não tem cooperado o suficiente na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.
O académico Calton Cadeado diz ser necessário respeitar essas opiniões, "mas mais do que olharmos só para o lado da Tanzânia, é preciso também olhar para o lado de Moçambique, sobretudo como é que o país faz o combate ao terrorismo".
"Será que Moçambique já deixou clara a sua abordagem sobre o terrorismo aos outros países da região, sobretudo a Tanzânia", interroga-se aquele académico.
Entretanto, no debate político nacional questiona-se por que é que Maputo não pede ajuda à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para o combate à insurgência em Cabo Delgado.
Para Adriano Nuvunga, a posição do Executivo é de alguma maneira compreensível "porque o envolvimento de forças estrangeiros tem sempre um custo".
Nuvunga avança que "nós vimos isso na República Democrática do Congo, onde o envolvimento da própria SADC não foi necessariamente bem sucedido, com tropas a não se comportarem bem, no que diz respeito aos minerais".
Aquele investigador anota que "há sempre um cuidado a ter, mas o que não se deve fazer é deixar a SADC à margem porque o conflito em Cabo Delgado afecta também a organização regional".
Refira-se que neste fim-de-semana, o comandante-geral da Polícia moçambicana, Bernardino Rafael, anunciou que as Forças de Defesa e Segurança frustraram, na passada quinta-feira, 7, um ataque dos insurgentes à ilha de Matemo, no distrito do Ibo, Cabo Delgado, graças à colaboração das comunidades.(x) Fonte: VOA