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terça-feira, 15 abril 2025 06:40

Cabo Delgado: Ataques terroristas nas aldeias do distrito de Ancuabe deixam dois feridos e incêndio de casas e veículos

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Diversas aldeias no distrito de Ancuabe, na província de Cabo Delgado, têm sido alvo de ataques violentos, confirmados por fontes locais em entrevistas exclusivas concedidas à Zumbo FM Notícias nesta segunda-feira, 14 de Abril de 2025. Os ataques ocorreram em várias aldeias, incluindo Ncole, Ungura, Mihecane e Muaja, resultando em feridos, destruição de casas e veículos incendiados, além de um significativo deslocamento de população.

No sábado, 12 de Abril de 2025, os ataques começaram na aldeia de Ncole e alastraram-se para outras localidades. As autoridades locais e as testemunhas confirmaram que, no mesmo dia, duas pessoas foram feridas na aldeia de Muaja. A situação tornou-se crítica, com a fuga em massa de habitantes.

Relatos de um residente de Ncole confirmam a violência iniciada com incêndios nas casas e disparos.

"Nas aldeias de Ncole e Ungura, há ocorrência dos ataques. Os terroristas incendiaram casas em Ncole, ontem, por volta das 18 horas. Depois, seguiram para Ungura", afirma.

De acordo com uma fonte local, os ataques resultaram em feridos, embora as vítimas não tenham falecido, mas tenham ficado gravemente feridas. A situação continua a ser descrita como preocupante.

"Atiraram em duas pessoas. Não mataram, mas contraíram ferimentos. A situação está muito grave", explicou.

Na sequência dos ataques, muitas pessoas, especialmente mulheres, começaram a fugir para outras localidades em busca de abrigo, sendo recebidas em áreas como Nanjua. Uma segunda fonte relatou sobre o movimento de deslocados, que continuam a chegar na região em grande número.

"As pessoas estão a fugir. Muitas mulheres de Ncole e Ungura estão a chegar aqui em Nanjua. Estamos a receber até agora pessoas vindas dessas aldeias", relactou outra fonte.

Os ataques não se limitaram à destruição de casas, mas também visaram grupos específicos da população, como os Namparamas. De acordo com um residente local, as ações dos atacantes foram particularmente cruéis.

"Estão a capturar os Namparamas", apontou.

Ainda segundo essa mesma fonte, a brutalidade dos atacantes inclui métodos cruéis de tortura, como ferir as vítimas com ferro, uma vez que as balas não atravessam seus corpos.

"Eles estão a pegar os Namparamas, com a finalidade de lhes cortar pedaço em pedaço. Alguns são furados com ferro, porque quando são baleados, a bala não os fura", reforçou.

Além dos danos causados nas aldeias, como os incêndios em casas e a destruição de bens, outra fonte relatou que, no domingo, 13 de Abril de 2025, os atacantes também incendiaram veículos, incluindo um camião de um empreiteiro chinês que estava envolvido em obras públicas na aldeia de Marrocane.

"Os terroristas queimaram dois carros. Um deles é um camião basculante Sinotruk, de um empreiteiro chinês que faz obras públicas na aldeia Marrocane", explicou.

Segundo a mesma fonte, o empreiteiro chinês, que estava à frente de algumas construções na área, conseguiu fugir do ataque, mas se feriu enquanto tentava escapar pela mata e agora encontra-se hospitalizado.

"Essas casas que estão sendo construídas aqui em Marrocane estão a cargo desse empreiteiro. Ele está agora em Pemba, porque quando os terroristas mandaram parar o carro, o chinês fugiu. Enquanto fugia na mata, feriu-se. Está no hospital."

As condições de vida nas aldeias afetadas pelo conflito estão a piorar. Uma das fontes locais expressou a dificuldade de continuar a vida normal, mencionando a escassez de recursos e a insegurança que afeta até as atividades agrícolas.

"Estamos a sofrer, vivemos pela coragem. Não temos para onde ir", lamentou.

Além disso, um residente manifestou sua insatisfação com a falta de acção por parte das autoridades, que, segundo ele, têm conhecimento da situação sem oferecer uma resposta efetiva.

"Lamentamos, porque o nosso governo sabe do assunto", desabafou.

Num tom mais crítico, outro residente fez referência à situação precária em que vivem, destacando a presença prolongada de suspeitos nas aldeias, sem que a situação seja investigada ou resolvida pelas autoridades.

"Não é possível uma pessoa vir à tua casa, ficar três dias ou uma semana, e ninguém saber o motivo. Este é o tipo de contrato deles. Nós sofremos, e eles aproveitam-se para ganhar dinheiro."

O clima de medo e insegurança continua a dominar as comunidades afetadas no distrito de Ancuabe, enquanto as populações locais aguardam por medidas eficazes que possam restaurar a segurança e a ordem na região. (x)

Por: Zumbo FM Notícias

 

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