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quarta-feira, 14 maio 2025 08:04

Cabo Delgado: Pacientes denunciam falta de medicamentos nos hospitais públicos na cidade de Pemba

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Os utentes de diferentes unidades sanitárias públicas da cidade de Pemba denunciam as dificuldades no acesso aos medicamentos prescritos. Durante uma ronda efetuada esta terça-feira, 13 de Maio 2025, a reportagem da Zumbo FM Notícias recolheu testemunhos que evidenciam falhas na disponibilidade de fármacos, em contraste com as garantias recentemente dadas pelas autoridades de saúde da província de Cabo Delgado.

No Hospital Provincial de Pemba, um utente identificado apenas por João relatou que os medicamentos essenciais para o tratamento da sua dor não estavam disponíveis, tendo recebido apenas comprimidos que não lhe foram devidamente identificados.

“Aqui na farmácia, quase os medicamentos principais para a minha dor, não fui dado, me deram estes comprimidos que também não conheço o nome, e me disseram que outros medicamentos não tem aqui. Assim estou a ir em casa, se não tenho dinheiro para comprar medicamentos fora”, denunciou.

João afirma que não conhece os comprimidos que lhe foram entregues, e sublinha que não tem condições financeiras para adquirir outros medicamentos fora do hospital.

A mesma preocupação é partilhada por Samia Amisse, também utente do HPP, que refere ter recebido apenas parte dos medicamentos prescritos após atendimento médico.

“Conseguiram me dar alguns medicamentos, outros não. Conseguiram dois faltam os outros. Esses que faltam, disseram para procurar nas farmácias privadas”, revelou.

Com estas palavras, Samia relata que lhe é recomendado comprar os medicamentos em farmácias privadas, solução que não está ao seu alcance devido à sua situação económica.

Prosseguindo o seu relato, Samia descreve que a sua vinda ao hospital ocorre após ter sido vítima de um acidente de viação, e que chega à unidade em estado inconsciente.

“Eu que estou a falar não tenho dinheiro e trata-se de uma emergência. Digo isso porque, fui atropelada no dia 27 de mês passado, trouxeram me aqui inconsciente”, disse.

Ela sublinha que a gravidade do seu caso exige resposta urgente, e acrescenta que um dos medicamentos prescritos – mas não disponibilizado – é um suplemento vitamínico.

“Um dos medicamentos que não fui dado é ‘Complexo B’.”

Ao referir a ausência deste medicamento, a utente sugere que a unidade hospitalar não dispõe de produtos normalmente considerados básicos em tratamentos de recuperação.

De forma mais abrangente, Samia comenta sobre a situação dos cidadãos que dependem exclusivamente dos serviços públicos de saúde.

É triste quando hospitais não tem medicamentos, porque nós os outros não temos condições, então quando adoecemos, recorremos para o hospital que é do Estado para pelo menos tentar se resolver, então encontrando essa situação é difícil m estamos mal. Tentamos recorrer para o hospital, mas no hospital não estamos a ser atendidos bem”, lamentou.

A utente observa que, ao encontrar um hospital sem os meios adequados de resposta, os doentes ficam desprotegidos e sem alternativa.

Num apelo direto às autoridades, Samia sugere a necessidade de intervenção do Governo.

“Eu queria que o governo tinha que pelo menos fazer todos meios possíveis para olhar essa situação”, exortou.

Ela apela às instâncias governamentais para que sejam criadas condições que assegurem a disponibilidade de medicamentos nos hospitais públicos.

No Centro de Saúde Número 1, localizado no bairro Cimento, Amina Alves afirma que também não consegue todos os medicamentos indicados pelos profissionais de saúde.

“Me deram só Paracetamol, faltaram me dar outros medicamentos que aqui eles não tem, mas me disseram para comprar na farmácia privada”, explicou.

Amina declara que sai da unidade com apenas um medicamento e, à semelhança dos demais utentes, é orientada a procurar os restantes em estabelecimentos privados.

No Centro de Saúde de Ingonane, um utente que prefere o anonimato partilha a sua experiência ao buscar atendimento médico.

“Hoje em dia não é possível ir no hospital do Estado te darem todos medicamentos, até quando te dão metade dos medicamentos tens que agradecer a Deus. Não está boa a situação. Sempre, deve saber que haverá um ou outros medicamento que você vai ter que ir adquirir na farmácia privada”, disse.

O utente aponta que a prática de comprar parte da medicação em farmácias privadas é recorrente, mesmo para quem procura serviços públicos.

Importa recordar que, no final do mês de Abril de 2025, o chefe do Departamento de Logística e Assistência Farmacêutica, Manuel Loa, declarou em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias que a província de Cabo Delgado apresenta um nível satisfatório de disponibilidade de medicamentos essenciais. Na mesma ocasião, Manuel Loa assegura que existe stock suficiente para cobrir as necessidades das unidades sanitárias da província durante os três meses seguintes. (x)

Por: António Bote

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