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segunda-feira, 19 maio 2025 06:25

Cabo Delgado: Ataques terroristas na Reserva Especial do Niassa comprometem época de caça desportiva e ameaçam sustentabilidade econômica e social do turismo local

Imagem ilustractiva. Imagem ilustractiva.

A província de Cabo Delgado enfrenta um grave impacto socioeconômico no setor do turismo devido à insegurança provocada por ataques armados que têm levado ao encerramento de vários estabelecimentos turísticos, especialmente na região da Reserva Especial do Niassa. Esta área, reconhecida pela sua riqueza natural e pela prática de caça desportiva, tem sofrido ameaças crescentes que colocam em risco não só os recursos ambientais, mas também a subsistência de muitas famílias que dependem direta ou indiretamente do turismo.

O segundo Vice-presidente da Associação do Turismo na Província de Cabo Delgado, Óscar Soares, falou em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias nesta sexta-feira, 16 de Maio de 2025, sobre a situação preocupante que o setor enfrenta.

“Nós temos sentido isso, vão me desculpar os colegas nesta área, mas tenho que ser franco. Nos nossos estabelecimentos turísticos tivemos que encerrá-los em sistema de insegurança, tivemos que encerrá-los por conta de situações de violação ou da própria insegurança”, afirmou.

Soares destacou a importância da Reserva Especial do Niassa, salientando que esta é uma zona estratégica para o turismo na província e que toda a logística de apoio, desde combustível a alimentação, é prestada a partir de Cabo Delgado. Contudo, o recente aumento de ataques compromete seriamente a realização da época desportiva de caça, que começa em junho.

“É só para dar um exemplo, está para começar a época desportiva de caça, os turistas estão a fazer desmarcações na área da Reserva do Niassa. Esta é uma zona de Cabo Delgado onde tem toda a logística para a reserva do Niassa, que é uma área de caça desportiva, e é feita através da Província de Cabo Delgado. Todo o sistema de combustível, alimentação e outros serviços é prestado a partir da Província de Cabo Delgado. Neste momento estamos na segunda semana de maio, a época começa em junho. Qual é o turista que vai se sentir seguro em ir lá, sabendo que houve um ataque a duas ou a três semanas? Mesmo nós cá localmente, penso em duas ou três vezes antes de ir, porque é uma zona verde, é uma zona que a gente possa desfrutar mais ou menos não só dos recursos animais mas também florestal, a própria fauna. Mas para isso precisamos da segurança”, explicou.

O dirigente também comentou o impacto da destruição sofrida nos últimos ataques, ressaltando o prejuízo acumulado em duas décadas de trabalho e investimentos.

“Pelas imagens que recebemos e pelos contatos que tivemos, houve um impacto enorme destrutivo de 20 anos de existência. Para destruir alguma coisa são 5 minutos, mas para construir, para fazer a imagem e para divulgá-la e mantê-la requerem muitos recursos”, relatou.

Ele apontou ainda as consequências sociais e econômicas para trabalhadores e comunidades locais, que perderão os benefícios decorrentes das atividades turísticas anuais.

“Então vamos ter impactos sociais destruídos, temos aí trabalhadores que vão perder mais ou menos os seus trabalhos, temos a própria vizinhança que é a comunidade que vai perder os recursos ou os benefícios que aquele estabelecimento ou aquela propriedade facultava durante a época anual do turismo, que é o tal benefício que a comunidade deve ter”, completou.

Outro fator que contribui para a retração do turismo em Cabo Delgado, segundo Soares, são as recomendações das embaixadas e seguradoras internacionais, que desaconselham suas cidadanias a viajarem para a província devido ao risco.

“Outra coisa que está a desencorajar, além disso, são as próprias embaixadas ou os consulados que desencorajam os seus cidadãos de nacionalidade 'X' a dizer: nós não recomendamos a nossa cidadania a viajar para a Província de Cabo Delgado. Então são os seguros que não vão cobrir que um turista venha a esta zona de risco”, disse.

Refira-se que os terroristas invadiram a Reserva Especial do Niassa concretamente no Bloco Kambako, nos finais do mês de Abril de 2025, onde fizeram vários estragos, incluindo reféns da própria Reserva.
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Por: António Bote

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