O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou os ataques de hoje atribuídos a rebeldes na República Centro-Africana (RCA) e que resultaram na morte de um militar do Burundi presente na missão da ONU no país.
"Osecretário-geral condena veementemente os ataques de hoje por alegados militantes da Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC)", refere uma nota assinada pelo porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, e atribuída ao secretário-geral da ONU.
No documento, Guterres assinala que os ataques a membros das forças de paz da ONU "pode constituir um crime de guerra" e apela às autoridades da RCA para "não pouparem os esforços na identificação dos autores destes ataques de forma que possam ser levados prontamente à justiça".
"Os ataques contra membros das forças de paz não podem passar impunes", sublinha o comunicado.
A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) anunciou hoje a morte de um militar do Burundi durante um ataque por "elementos dos grupos armados da coligação", sendo a quinta morte na missão desde dezembro do ano passado.
"Esta manhã, uma patrulha da força da Minusca constituída por 'capacetes azuis' do Burundi e do Bangladesh estava a efetuar uma operação de segurança nas proximidades de Grimari [centro do país] quando foi alvo de duas emboscadas consecutivas realizadas por elementos armados. O 'capacete azul' do Burundi morreu durante a segunda emboscada", referiu uma nota divulgada no portal da missão.
A nota, assinada pelo porta-voz da missão na República Centro-Africana (RCA), Vladimir Monteiro, acrescentou que os dois militares do Bangladesh ficaram "ligeiramente feridos" durante os incidentes e "estão a ser tratados".
Guterres lamentou a morte do militar burundiano, tendo endereçado as suas "mais profundas condolências à família da vítima e ao povo e ao Governo do Burundi", desejando uma recuperação rápida aos militares feridos.
"O secretário-geral reitera a sua profunda preocupação com os continuados esforços de destabilização por grupos armados no país. Ele apela a todas as partes para que parem imediatamente a violência e resolvam as suas diferenças de forma pacífica", acrescenta a nota da ONU.
Na quarta-feira, a Minusca anunciou a morte de um outro militar, ruandês, durante um ataque de elementos armados na periferia da capital, Bangui.
Em 19 de dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, uma coligação de seis dos grupos armados mais poderosos que ocuparam dois terços da RCA desde o início da guerra civil, há oito anos, anunciou uma ofensiva para impedir a reeleição do Presidente, Faustin Archange Touadéra.
Touadéra foi declarado reeleito em 04 de janeiro após uma votação que foi fortemente contestada pela oposição, na qual apenas um em cada dois eleitores recenseados teve a oportunidade de votar por causa da insegurança fora da capital.
Os rebeldes da CPC tinham até então levado a cabo ataques esporádicos, geralmente repelidos por 'capacetes azuis', apoiados por grandes contingentes fortemente armados de militares ruandeses e paramilitares russos que vieram em socorro do governo e do seu exército.
Estes ataques têm ocorrido até agora principalmente em cidades e vilas distantes da capital.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.(x) Fonte: Notícias ao Minuto