A capital do Amazonas, Manaus, voltou a ocupar o noticiário do Brasil e do mundo por causa da pandemia de covid-19.
Em meio à descoberta de uma nova variante do coronavírus ali, houve um pico no número de internações, com hospitais lotados e sem oxigênio.
Relatos dramáticos que circulam nas redes sociais dizem que pacientes estão sendo submetidos à ventilação manual e muitos morreram asfixiados. O sistema de saúde dá sinais de colapso.
Para o pesquisador Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Manaus virou a "capital mundial da covid-19". Falando à BBC News Brasil por telefone, ele diz que, devido à crise pela qual passa a cidade, não há outra solução senão "um lockdown total".
BBC News Brasil - O que já se sabe sobre a nova variante do coronavírus detectada em Manaus? Ela é mais transmissível ou mais letal?
Jesem Orellana - Neste momento, não temos uma resposta definitiva, nem em relação à infectividade, nem em relação à letalidade. Do ponto de vista genômico, podemos dizer que essa possível nova variante que circula no Estado do Amazonas tem algumas características genéticas que se assemelham às variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul, ambas associadas à maior infectividade.
Ou seja, se você adiciona a informação epidemiológica, deixando de lado a informação genômica, de explosão de casos e de mortes de forma abrupta, é bastante provável que essa possível nova variante seja uma das responsáveis pela forte disseminação viral da covid-19 em Manaus e, portanto, uma ameaça não só para o Brasil, mas para a humanidade.
Em relação à letalidade, ainda é muito cedo para falarmos sobre isso. Diferente dos critérios para classificar essa possível nova cepa como mais ou menos infecciosa, o estudo e as conclusões relacionadas à letalidade da doença dependem basicamente de acompanhamentos maiores, de investigação clínica mais ampla, de um conjunto de evidências laboratoriais que neste momento ninguém tem disponível.(x) Fonte: BBC