Autoridades distritais de Búzi, centro de Moçambique, estão a tentar retirar 140 famílias camponesas de zonas ribeirinhas, após a subida do rio Búzi, que já galgou campos agrícolas e cortou a principal estrada da região.
"Já falámos a estas famílias para deixarem as zonas de risco, como forma de evitar o pior", disse à agência de notícias Lusa Sérgio Costa, secretário permanente do distrito de Búzi, acreditando que não será necessário o uso de medidas coercivas.
As zonas são as mesmas que ficaram submersas após o ciclone Idai, em 2019. As famílias encontram-se nas aldeias de Chiro e Mburiquizi, junto à zona baixa do rio Búzi, cujo caudal atingiu o pico no sábado (16.01) e começou a inundar várias culturas, explicou Sérgio Costa.
O dirigente disse que devido ao elevado caudal foram registados cortes em pelo menos sete seções da principal estrada de acesso, ainda em obras, que liga a sede do distrito de Búzi à Estrada Nacional 6.
Impedida comunicação por terra
Numa das seções, no troço Tica-Buzi, prosseguiu Sérgio Costa, foi aberta uma cratera que está a impossibilitar a travessia de viaturas para a vila de Búzi, interrompendo assim a comunicação por terra com a vila sede distrital.
"Além das chuvas locais, as águas vêm das zonas altas da província de Manica, uma vez que o rio Búzi recebe afluentes dos rios Lucite, Mussapa e Rovue, portanto, também das descargas das barragens de Chicamba e Mavuzi", precisou.
Face ao atual cenário de chuvas intensas que se registam desde a última semana, foram ativados todos os comités de gestão de risco para minimizar os danos, frisou a fonte.
Entretanto, António Beves, delegado da Administração Nacional de Estradas (ANE) em Sofala, disse esta segunda-feira (18.01) que devido à subida de caudal dos rios, o empreiteiro que executa a obra de reabilitação da EN288 (Tica-Búzi) teve de suspender as obras.
Centenas de hectares submersos
Dados estatísticos do distrito indicam que 1.650 hectares de culturas diversas estão submersas e são dados como perdidos devido às chuvas intensas que caem a montante do distrito. Pelo menos, 95 casas estão inundadas.
Entre os meses de outubro e abril, o país é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral, além de secas que afetam quase sempre alguns pontos do sul do país.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois ciclones (Idai e Kenneth) que se abateram sobre o país.(x) Fonte: DW