O Presidente moçambicano tomou "boa nota" da oferta da União Europeia para apoiar Moçambique a enfrentar os problemas de segurança em Cabo Delgado.
"O chefe de Estado moçambicano tomou boa nota da manifestação de interesse da UE em cooperar com Moçambique no combate ao terrorismo", referiu a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo.
A governante resumiu numa declaração aos jornalistas o encontro mantido esta quarta-feira (20.01) em Maputo entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em representação da UE.
No contexto de Cabo Delgado, Nyusi "saudou a disponibilidade da UE" em trabalhar com o Governo moçambicano "nas áreas da logística, saúde e formação militar, bem como noutras que o Governo venha a considerar importantes", acrescentou, classificando a visita de Santos Silva como "um sucesso".
"Saio satisfeito desta reunião"
A deslocação do chefe da diplomacia portuguesa surge na sequência do pedido de reforço da cooperação que Moçambique dirigiu à UE em setembro de 2020, relativo à situação de segurança em Cabo Delgado, e que ao qual Bruxelas deu resposta positiva.
Não houve detalhes sobre passos seguintes ou prazos para efetivação do apoio, mas a conversa agradou ao governante português.
"Saio satisfeito desta reunião, porque a melhor maneira de chegarmos rapidamente ao desenho em concreto do apoio europeu é começar por uma identificação tão clara e precisa de quais são as prioridades das autoridades moçambicanas", explicou, na mesma sessão de declarações à comunicação social, após o encontro com Filipe Nyusi no Palácio da Presidência.
"Foi muito importante a reunião com o Presidente moçambicano, que foi muito claro na identificação das áreas em que o incremento da cooperação na área de segurança pode beneficiar imediatamente Moçambique", sublinhou Santos Silva.
Formação, ação humanitária, apoio ao desenvolvimento
O representante da UE leva no bloco de notas três áreas fundamentais: formação militar, apoio da ação humanitária à população e apoio à agência para o desenvolvimento do norte de Moçambique.
"Estas áreas foram muito claramente identificadas", destacou.
O suporte da UE a projetos de apoio ao desenvolvimento em Cabo Delgado ascende a cerca de 25 milhões de euros e a província está entre as prioritárias para a ação humanitária, referiu Santos Silva, mas a estas dimensões "é preciso acrescentar um incremento da cooperação na área da segurança".
Levar de volta para a Europa o máximo de contributos para concretizar esse incremento "é o objetivo prático e imediato da missão política" que lidera e também "do trabalho técnico que desde ontem [terça-feira] está a ser realizado entre equipas da UE e Moçambique".
O governante português deixou ainda um retrato claro da posição da UE no xadrez de Cabo Delgado.
"A UE tem uma relação muito antiga, próxima e consolidada com Moçambique, não substitui o trabalho das autoridades moçambicanas, não substitui o quadro regional da cooperação entre Moçambique e os países vizinhos" e "respeita escrupulosamente a arquitetura da União Africana para a paz e segurança", especificou.
Mas a UE "acrescenta uma outra dimensão de cooperação e o esforço de nós todos é indispensável para que a população do norte de Moçambique e as autoridades" possam enfrentar um desafio "que cada um de nós também enfrenta", concluiu.(x) Fonte: DW