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quarta-feira, 07 abril 2021 12:06

Tanzanianos exigem "resgate" de familiares em Cabo Delgado

Ponte sobre o rio Rovumba, que liga Moçambique à Tanzânia Ponte sobre o rio Rovumba, que liga Moçambique à Tanzânia

Depois de a África do Sul ter enviado meios aéreos para a evacuação dos seus cidadãos que se encontravam em Cabo Delgado, população de cidade fronteiriça exige que Governo da Tanzânia também repatrie seus familiares.

Residentes de Mtwara, cidade tanzaniana a 85 quilómetros de Palma, exigem que o Governo da Tanzânia repatrie seus familiares que moram em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A comunidade pede que as autoridades organizem uma operação para que os cidadãos tanzanianos retornem com segurança.

Após o último ataque terrorista à vila de Palma, há cerca de duas semanas, várias famílias de Mtwara estão aflitas, sem notícias dos parentes que vivem no distrito no norte de Cabo Delgado. Uma dessas pessoas é Rukia Ngomeke. À DW África, a residente de Mtwara conta que perdeu o contato com os seus familiares desde o dia do ataque. Desesperada, ela tenta obter informações através da polícia tanzaniana, mas não tem sido tarefa fácil.

"Quando vamos perguntar na esquadra da polícia, é-nos dito para esperarmos até que sejam interrogados, até que os oficiais da segurança nacional estejam convencidos de que está tudo bem. Depois enviam os seus nomes para a migração para uma investigação mais aprofundada para saberem se foram para Moçambique legalmente ou se lá se esconderam", explica.

Reforço humanitário

Mustafa Kuyumba, ativista de uma rede da sociedade civil em Mtwara, defende que as organizações de ajuda aos refugiados aumentem as suas atividades na fronteira do rio Rovuma, ao mesmo tempo que apela ao Governo tanzaniano para que acompanhe a situação dos tanzanianos em Moçambique.

"Pedimos ao Governo que apresente uma estratégia e prepare um processo para assegurar que os nossos irmãos e irmãs voltem de Moçambique. Também solicitamos que garantam que seja dada uma oportunidade a outros interessados que possam ajudar a reforçar a segurança fronteiriça", esclarece Kyumba.

A consultora IHS Markit divulgou esta segunda-feira (06.03) que considera prováveis ataques contra Mtwara "visando espaços públicos como o mercado, para infligir vítimas em massa ou contra ativos e funcionários do Governo", escrevem os analistas num relatório.

"Não está a ficar bem"

Os consultores, no entanto, acham pouco provável que os terroristas capturem a cidade porque as forças de segurança tanzanianas "têm experiência no combate a insurgentes ligados ao "Estado Islâmico"".

"Pedimos ao governo que aumente a vigilância e reforce a segurança, para que não sejamos atacados. Entristece-nos o que ouvimos e vemos nas redes sociais", apela o moradores Athman Nandule. Issa Salum, outro residente da cidade fronteiriça, pede que a polícia e o exército reforcem a segurança "para controlar a situação porque já não está ficar bem".

Enquanto isso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR, estima que mais de 1000 moçambicanos que fugiram para a Tanzânia depois do ataque à Palma foram devolvidos a Moçambique pelas autoridades daquele país na semana passada.

Em entrevista à DW África, Margarida Loureiro, chefe do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Cabo Delgado apela para que os países vizinhos liberem o exílio dos deslocados.

"Todo esses Estados tem o dever internacional de respeitar os princípios fundamentais dessas convenções, incluindo o acesso ao asilo. Ou seja, ninguém deve ser devolvido a um lugar onde acredita existir um receio fundado de perseguição contra a suas vidas", lembra Loureiro.(x) Fonte: DW

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