Representante do secretário-geral da ONU diz que resposta puramente militar pode não ser a mais eficaz. Hanna Tetteh salienta que crise em Cabo Delgado teria abordagem de contraterrorismo e não de "imposição da paz".
A Representante da ONU junto da União Africana, Hanna Tetteh, considera que a situação de insurgência em Moçambique não é avançada o suficiente para justificar intervenção militar internacional ou operações de paz.
A representante especial do secretário-geral da ONU disse numa conferência que "é importante reconhecer que, em alguns locais, a situação ainda não é madura o suficiente para operações de paz" e que "uma resposta puramente militar pode não ser a ais eficaz".
Tetteh defendeu que "ainda há oportunidade de usar processos políticos para 'voltar da beira do abismo' e abordar algumas das raízes dos problemas e conflitos".
As declarações foram feitas no âmbito de uma videoconferência realizada pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos da América. "Em Moçambique estamos a falar de atividades de contraterrorismo e não de imposição ou manutenção da paz", explicou a representante especial junto da UA.
Melhor abordagem
Para Hanna Tetteh, a prioridade deve ser colocada em "compreender os desafios na região de Cabo Delgado e estabelecer como apoiar a organização sub-regional SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), que tem demonstrado que quer assumir a liderança neste tema".
O apoio tem de ser dado a nível de "ferramentas políticas para criar soluções dentro das regiões, lidar com alguns deficits que os governos possam ter, como falta de serviços, existência de desigualdades e, claro, fornecer ajuda humanitária", enfatizou a antiga ministra de Negócios Estrangeiros do Gana.
Segundo a responsável da ONU, as diversas organizações têm de convergir ferramentas e estruturas, através de colaborações, para "ser proativas na prevenção [de conflitos], em oposição a gastar dinheiro em operações de paz".
Posição do Conselho de Segurança
O presidente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a situação em Cabo Delgado, Moçambique, está a ser seguida com muita preocupação, por risco de expansão da violência.
Dang Dinh Quy, representante permanente do Vietname e presidente do Conselho de Segurança no mês de abril considerou hoje, em conferência de imprensa, em resposta à agência Lusa, a situação de Moçambique "muito alarmante" devido à possibilidade de "rápida expansão" do terrorismo para outras regiões do continente.
O presidente do Conselho de Segurança citou as palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, dizendo que o "franchising" (franquia) do terrorismo pode aumentar rapidamente e "afetar fortemente a segurança na região".
Moçambique está a ser "vigiado de perto pelo Conselho de Segurança", assegurou o representante permanente do Vietname.
A subsecretária-geral da ONU e representante especial do secretário-geral sobre violência sexual em conflitos, Pramila Patten, também assegurou que o escritório sobre violência sexual está a monitorizar Moçambique e prometeu interação e cooperação com as autoridades locais.(x) Fonte: DW