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terça-feira, 20 abril 2021 07:41

RENAMO defende apoio externo para resolver conflito em Cabo Delgado

Ossufo Momade, líder da RENAMO Ossufo Momade, líder da RENAMO

O líder do maior partido da oposição moçambicana, a RENAMO, defende uma intervenção militar estrangeira no combate aos terroristas em Cabo Delgado. Ossufo Momade quer também mais apoio para as vítimas do conflito.

O responsável máximo da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, está de visita à província nortenha de Cabo Delgado, e considera que perante o sofrimento infringido ao povo pelos terroristas, o Governo moçambicano não pode continuar a negligenciar a necessidade de uma intervenção militar estrangeira.

"Esta população merece respeito. Não é através de negligência dos governantes que esta população deve ser tratada como animais... É preciso que trabalhem. Se eles não têm capacidade militar é preciso que convidem outros países para aliviar o sofrimento da nossa população", defendeu o líder da maior força da oposição em declarações aos jornalistas à chegada ao aeroporto de Pemba.

A viagem de Ossufo Momade a Cabo Delgado visa consolar os cidadãos e apoiar com bens alimentares os milhares de deslocados na sequência dos ataques terroristas dos últimos anos.

Conflito é “problema” para a região

Para Ossufo Momade, os países vizinhos não devem olhar o conflito de Cabo Delgado como uma situação exclusiva de Moçambique, mas sim como um problema que ameaça a integridade da região.

"Se o Estado moçambicano não tem capacidade militar, temos a África do Sul, que é uma potência, temos o Zimbabué, temos o Botsuana...", exemplificou. "Porque não se juntam para que possam aliviar o sofrimento desses nossos irmãos?", questionou ainda.

"Quando o meu vizinho está a sofrer [uma] agressão, o meu pensamento é que depois daquela casa hão-de vir à minha casa. Por isso, Zimbabué, África do Sul, Malauí, Tanzânia não podem dormir... É preciso que ajudem Moçambique para sair deste sofrimento", reiterou.

Sobre a questão da soberania invocada pelo Governo para rejeitar uma intervenção militar externa, Momade reage: "Eu participei na guerra civil. Na guerra civil não havia soberania? A soberania tinha desaparecido? Não estavam aqui as forças zimbabueanas, não estavam aqui as forças tanzanianas, não estavam aqui as forças cubanas, soviéticas e mais outras?", recordou em tom interrogativo.

"Nessa altura Samora [Machel] não sabia que havia soberania, [Joaquim] Chissano não sabia que havia soberania? Ou alguma coisa está a ser escondida?", questionou.

Vida de “sacrifício”

O dirigente do maior partido da oposição descreve a crise humanitária resultante dos ataques terroristas como "dramática" e defende o envolvimento de todos para mitigar o sofrimento das vítimas.

"[As pessoas] trabalharam com sacrifício durante toda a sua vida e hoje deixam tudo trás para vir aqui [para Pemba] mendigar. Isto é triste e nós gostaríamos de fazer um apelo ao Governo de Moçambique para que possa ajudar esta população", frisou.

Grupos armados lançam o terror em Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista ' Estado Islâmico.

A onda de violência já provocou milhares de mortos e mais de 700.000 mil deslocados, de acordo com dados das Nações Unidas. 

O mais recente ataque aconteceu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos. 

O ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão sustentadas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique nos próximos anos. (x) Fonte: DW

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