Ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, país que preside à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, disse que a organização decidiu enviar delegação a Moçambique, perante a crise em Cabo Delgado.
"As autoridades moçambicanas já disseram claramente que agradecem e estão cientes daquilo que podem obter da comunidade internacional, especialmente dos países de língua portuguesa, da nossa comunidade, e chegámos a acordo sobre aquilo que eventualmente poderá ser feito", adiantou o chefe da diplomacia cabo-verdiana que preside ao Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Mas "isto vai exigir uma intervenção nossa, uma visita de uma delegação, ao nível que estamos a definir, para podermos responder às necessidades de Moçambique na matéria", revelou.
Num encontro de embaixadores "houve um "entendimento que, no momento oportuno, seria de termos uma delegação em Moçambique para avaliar aquilo que a CPLP pode fazer", concluiu.
Contudo, ainda não há "data exata", para a visita da delegação àquele país, por ter de ser articulada com as autoridades moçambicanas, que "avaliarão o melhor momento para se fazer", sublinhou Rui Figueiredo Soares.
Segundo o ministro, de acordo com a proposta feita na reunião de embaixadores, a visita da delegação deveria ocorrer até junho. "Mas estamos agora a avaliar com as autoridades moçambicanas da oportunidade e da melhor data", frisou.
Indefinições
Por outro lado, a CPLP ainda está a definir que tipo de delegação enviará, se ao nível de ministros, de embaixadores, ou elementos do Secretariado Executivo, referiu.
Uma indefinição que está ligada também ao facto de Cabo Verde, o país que tem a presidência em exercício da organização e do Conselho de Ministro da CPLP ter tido eleições muito recentemente, a 18 de abril, e o novo Governo ainda não ter tomado posse, admitiu.
Mesmo assim, o chefe da diplomacia cabo-verdiana disse que a visita da delegação ocorrerá "certamente" ainda durante a presidência cabo-verdiana da CPLP, que termina em julho deste ano.
Pedro Figueiredo Soares sublinhou, porém, que a questão de Cabo Delgado, "tem a ver essencialmente e, em primeiro lugar, com Moçambique. Então é preciso que neste processo qualquer apoio, qualquer gesto, tenha de ser concertado com as autoridades moçambicanas".
"Todos nós, países amigos, especialmente os da comunidade, estaremos disponíveis para responder às necessidades do Governo moçambicano nesta matéria", frisou Rui Figueiredo. Mas a situação de Cabo Delgado é "delicada".
Situação em Cabo Delgado
Grupos armados aterrorizam a região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
Em março, ataque à vila de Palma provocou dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás natural, que tinha início de produção previsto para 2024, no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.(x) Fonte:DW