Os congressistas do Partido Republicano vão reunir-se esta semana para decidir sobre o afastamento da congressista Liz Cheney da posição de presidente da Conferência do Partido no congresso, a terceira posição na hierarquia do partido dentro do Congresso.
Se isto pode parecer como algo de apenas impacto burocrático no funcionamento do partido, este é um dos assuntos que tem estado a dominar a cena política americana porque reflecte a influência senão mesmo o poder que o antigo presidente Donald Trump ainda tem sobre o Partido Republicano.
Paradoxalmente durante a presidência de Trump Liz Cheney apoiou as iniciativas legisltivas do presidente em mais de 90% dos casos, algo que ultrapssa o que muitos que a querem agora afastar fizeram durante esses anos.
Mas Cheney após a derrota eleitoralde Donald Trump foi dura nas suas críticas ao antigo presidente afirmando que este tinha colocado a democracia americana em perigo ao não reconhecer o resultado eleitoral e ao incentivar os seus apoiantes a manifestarem-se e a recusarem o resultado das eleições.
E é aqui que jaz o problema de Cheney e do Partido Republicano. A base do Partido Republicano continua a apoiar por esmagadora maioria o antigo presidente e isso faz com que este tenha decidido jogar um papel nas primárias do partido que vão decidir quem irá às eleições legislativas do próximo ano. Daí portanto que muitos dos congressistas tenham interesse em estar, por assim dizer, do lado de Trump algo que Cheney se tem recusado a fazer continuando a criticar públicamente o presidente.
Susan Page, correspondente em Washington do jornal USA Today, fez notar que “nunca houve anteriormente uma situação onde um presidente que perde as eleições continua a dominar, continua a ser a face do partido político até ao ponto de interferir nas primárias”.
“De moment o Partido Republicano está unido, não vejo uma guerra civil dentro do Partido Republicano, mas se o apelo do partido continua a ser as queixas das últimas eleições, é-me muito difícil ver como esse apelo vai atraír eleitores para além do grupo de apoiantes de Trump que natotalidade caiu para cerca de um terço do total do eleitorado”, disse durante um debate na cadeia de televisão Fox.
Ela referia-se à necessidade do Partido Republicano de garantir o apoio de eleitores Republicanos que abandonaram o partido por discordarem de Trump mas também à necessidade de se ganhar eleitores independentes e isso poderá estar em perigo se o partido continuar a apoiar totalmente Donald Trump
Larry Hogan governador Republicano do estado de Maryland e também critico de Donald Trump, disse que demitir Cheney do seu posto no Congresso reflecte o medo que muitos congressistas têm da influência de Trump
“Penso que estão preocupados com retaliação do presidente... mas o que me procupa é que se tem de jurar fidelidade ao querido líder ou então é-se expulso do partido”, disse em to irónico o governador Republicano.
“Não faz sentido nenhum , écomo formar um pelotão de fuzilamento em círculo onde estamos a atacar membros do nosso próprio partido em vez de nos concentrarmos em resolver problemas ou debater os Democratas nas questões que a administração Biden está a implementar”, acrescentou Logan a falar à cadeia de televisão NBC.
Cheney não está concentrada na missão do partido, dizem os seus críticos
Contudo aqueles que defendem o afastamento de Cheney da sua posição dizem que toda estas interpretações são erradas e que na verdade a congressita deve ser afastada precisamente porque não se está a concentrar em combater a agenda do governo Democrata.
Jim Banks do chamado Comité de Estudo Republicano no Congresso que é dominado por conservadores e têm grande influência entre os legisladores Republicanos disse à cadeia de televisão Fox que Cheney “perdeu concentração na missão prioritária que temos que é voltar a ter a maioria, de se opôr à agenda radical de Biden, e essa é a razão porque precisa de ser substituída”.
“É preciso tornar claro que ela não está a ser expulsa do Partido Republicano, està a ser afastada de um posto de liderança e nesse posto de liderança qualquer membro do congresso não representa apenas o seu círculo eleitoral, representa 212 membros da Conferência Republicana”, disse Banks para quem “neste momento é óbvio que ela não representa os pontos de vista da maioria da nossa conferência ou o foco de atenção que todos temos que ter para ganhar de novo a maioria”.
Qualquer que seja a razão do afastamento de Cheney uma coisa é certa. Para já todos aqueles que esperavam que Donald Trump iria desparecer da cena política estavam errados e pelo menos nos bastidores do Partido Republicano ele vai continuar a ter influência nos próximos tempos. (x) Fonte: VOA