O terrorismo está a afetar a produção, o processamento e a exportação da cultura do caju em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Produtores apontam roubos nos cajuais como outro grande entrave à produção da castanha.
A província de Cabo Delgado é a segunda maior produtora de castanha de caju em Moçambique. Mas o abandono de alguns produtores nos distritos do norte devido ao terrorismo pode prejudicar esta posição, uma vez que já está a ter um impacto negativo na produção, processamento e exportação da cultura.
"Processávamos cerca de três mil toneladas e a maior quantidade da castanha de caju vinha do norte de Cabo Delgado, dos distritos de Mueda, Nangade. Agora, por causa dos homens armados, fica difícil comprar castanha naquela zona. Já não recebemos castanhas daqueles distritos”, contou à DW África Francisco Bihale. representante da Korosho, uma empresa que exporta castanha para a Ásia e para a Europa.
O governo da província reconheceu os efeitos adversos do terrorismo em Cabo Delgado na balança nacional da produção da castanha de caju, que durante a campanha 2020/2021 foi de 145 mil toneladas.
Agarra que é ladrão
"Da castanha total comercializada na campanha passada, a província de Cabo Delgado, a segunda maior produtora do país, contribuiu com cerca de 23 mil toneladas, quantidades que, se não fosse o impacto adverso do terrorismo, que dispersou muitos produtores e retraiu os potenciais compradores, acreditamos que teria sido superada”, disse o secretário de Estado em Cabo Delgado, António Supeia.
O roubo de castanha nos cajuais é outra grande preocupação dos produtores em Cabo Delgado. Estevão António é um dos produtores que exigem que sejam tomadas medidas duras contra os ladrões para desencorajar a prática.
"Veem, sobem e abanam os cajueiros durante a noite. Outros veem de dia e, quando se apercebem que os donos não estão, apanham a castanha”, disse António, acrescentando que agarrar o ladrão também serve de pouco, porque praticamente não são punidos pela lei.
Combate às pragas
Recentemente, arrancou uma campanha de tratamento químico dos cajueiros para eliminar pragas que comprometem a rentabilidade desta cultura. Deverão ser pulverizados cerca de oito milhões de cajueiros, de um total de 20 milhões de plantas existentes no país.
Nos próximos anos, o Governo moçambicano vai deixar de subsidiar a pulverização, por considerar a atividade economicamente insustentável. Mas já tem uma solução: envolver o setor privado no negócio e cortar do seu orçamento esta rubrica, explica o secretário de Estado em Cabo Delgado. "Apelamos aos produtores e distribuidores destes produtos para que se preparem para o efeito”, disse Supeia.(x) Fonte: DW