O artista plástico moçambicano, Vasco Manhiça, tem patente uma exposição denominada "Novo Normal", no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), na cidade de Maputo, de 8 de Junho a 17 de Julho.
Nas palavras de Rafael Mouzinho, curador da exposição, “a expressão “novo normal” ganhou ímpeto durante a eclosão da pandemia da COVID-19 no início de 2020, trazendo consigo uma carga semântica da dimensão de hecatombe no plano político, económico e sócio-cultural no espaço global. Entre a cacofonia do pânico colectivo à altura da Torre de Babel, entraram acções de restrição de circulação, necessidade de manter o distanciamento, o uso das máscaras e a mudança na rotina da vida.”
As artes e cultura tiveram que se alojar noutros formatos e plataformas outrora anunciados como adventos da era do avanço das tecnologias de informação e comunicação.
Vasco Manhiça, na sua experiência visceral, viabiliza através da sua actuação no atelier, transmutando símbolos, signos e sinais caligrafados, em sobreposição com “cut and paste”, imiscuem-se entre técnicas de pintura, gravura e monotipia, num processo simultâneo de registo do tempo que a probabilidade futura tratará de designar de “antes de…” e “depois de…”
“Novo Normal” será representado por obras de arte de pintura, e estará patente na sala de exposições do CCFM até ao dia 17 de Julho.
Vasco Manhiça nasceu em 1978, na província de Nampula, norte de Moçambique e cresce no Bairro do Aeroporto, nos subúrbios da cidade de Maputo. É formado em Design de Comunicação pela caMedien College, Essen, Alemanha (2010) e em Design Gráfico pela Escola Nacional de Artes Visuais em Maputo, Moçambique (1998).
Os seus trabalhos são caracterizados pelo uso misto de técnicas e de cores quentes onde se nota, uma predominância do uso da mancha e do desenho (que nos lembram da expressão infantil ou dos graffitis das zonas suburbanas de Maputo) e, recentemente, pela introdução da colagem, auxiliada pela escrita, onde palavras sustentam a proposta que o artista nos tenta apresentar nas suas análises. A arquitectura visual, a poesia (de combate) dilatam-se no espaço da pretensa contestação política e económica da sociedade onde está inserido. Vasco Manhiça ressalta o peso das diferenças na balança universal, como resultado da fragmentação do tecido social. A questão social é a linguagem predominante nas suas obras onde as interrogações quotidianas são a representação fiel da condição humana reinterpretada, revisitada e reinventada da maneira mais crua. Participa, desde 1995, em exposições colectivas, workshops e programas de residências artísticas em Moçambique, Portugal, Alemanha, África do Sul, Senegal e Nigéria. Apresentou a sua 5ª exposição individual em 2015.
Vasco Manhiça já foi distinguido com vários prémios nacionais em Moçambique, a destacar: 1998 – 2° Prémio – Expo Anual MUSART – Museu Nacional de Arte, Moçambique; 1° Prémio (Desenho) – Bienal TDM 1999 – Telecomunicações de Moçambique e, com o 1° Prémio da Expo Anual MUSART, edição de 2016 – Museu Nacional de Arte, Maputo, Moçambique. O seu trabalho está representado em várias colecções privadas e públicas em Moçambique e noutros países e publicado em várias publicações. Vive e trabalha, actualmente, em Moçambique, depois de cerca de 13 anos na Alemanha e passagem por outros países.(X) Fonte: Centro Cultural Franco Moçambicano