Apesar de considerarem oportuna a decisão do Presidente da República, encarregados de educação e alunos temem que a situação possa colocar em causa o calendário escolar e o processo de ensino e aprendizagem.
A pandemia que assola o mundo, está a ter seus impactos adversos em vários sectores da vida do país. Com as sucessivas paragens, a educação, por exemplo, pode ter as suas metas comprometidas.
Na última comunicação à Nação, o Presidente da República mandou suspender as aulas de todos os subsistemas em alguns pontos do país, inclusive na Cidade de Maputo. A nossa reportagem falou com alguns pais e alunos da capital sobre a medida.
Mãe de dois filhos em idade escolar, Helena considerou a medida prejudicial para as crianças, sendo por isso, que avançou que irá reinventar-se, para garantir com que as crianças tenham como continuar com o aprendizado.
“Não tenho nada contra do decreto, acho justo! Mas a situação das crianças é preocupante porque já estão atrasados, e esses 30 dias vêm para complicar ainda mais as coisas. De modo a evitar o pior, terei que contratar um explicador para que meus filhos não fiquem prejudicados”, disse.
Sobre o assunto, uma aluna da Escola Secundária Francisco Manyanga, que pediu anonimato, defendeu que a medida foi acertada porque vem notando que muitos dos seus colegas não cumprem com as medidas de prevenção.
“Esta paragem irá nos prejudicar mas penso que é por uma justa causa. Ainda mais, nós não temos prestado atenção às medidas de prevenção, por vezes ficamos aglomerados no pátio da escola, não desinfetamos as mãos com regularidade entre outros actos negligentes.”
Ainda na mesma escola, Keita Cambula lamentou que a situação possa comprometer o cumprimento do calendário académico, mas disse acreditar que a decisão poderá permitir a redução do número de casos positivos da doença no país.
“De facto é mais um problema para nós, porque já estamos atrasados mas após 30 dias esperamos ver resultados da suspensão das aulas”.
UNIVERSITÁRIOS TEMEM NÃO CUMPRIR METAS DE CONCLUSÃO DOS CURSOS
Porque a medida não só afecta os subsistemas de ensino, mas também as universidades, os estudantes temem que a situação possa pôr em causa os seus sonhos. Deize Nhacale frequenta seu último ano de faculdade, e já antevê o atraso da conclusão da sua licenciatura.
“Constitui um grande problema porque este seria meu último ano de licenciatura e tenho muitas cadeiras práticas, a qualidade, obviamente, não será a mesma. Também com várias bibliotecas encerradas teremos mais complicações para conclusão da monografia”, lamentou.
SITUAÇÃO PODERÁ PREJUDICAR ALGUNS ALUNOS, ALERTA PSICÓLOGO
Tratando-se de uma situação que não é nova, o psicólogo Lourman Nhauleque disse que já é possível antever que haverá um desequilíbrio na assimilação das matérias pelos estudantes.
“Um dos principais problemas que a pandemia trouxe para a nossa sociedade é o evidenciar as diferenças sociais. A pandemia está a fazer com que as classes vulneráveis tornem-se ainda mais vulneráveis. No contexto educacional essa realidade também é visível. As classes com menos condições financeiras terão ou estão a ter muitas complicações para ter acesso a recursos tecnológicos e outros dispositivos para competir com que os que são abastados, principalmente no ensino público”, precisou.(x) Fonte:OPaís