Oitenta e oito professores foram expulsos do sector da Educação no distrito de Mecanhelas, província de Niassa, supostamente por terem ingressado por via ilegal. Entretanto, os visados consideram a decisão injusta e exigem salário dos últimos dois meses em que trabalharam.
Para a tomada da decisão, a 3 de Maio deste ano, o Governo do distrito de Mecanhelas ordenou a suspensão de salários de 95 docentes de N1, com o argumento de que a sua admissão para o aparelho do Estado, entre os anos 2019 e 2020, foi ilegal, pois, nessa altura, a contratação de professores estava suspensa.
Houve três auditorias para o esclarecimento do assunto e concluiu-se que dos 95 tidos como ilegais, sete tinham a sua situação regular, por isso a expulsão dos 88 restantes.
Arone Cuambe faz parte do grupo afastado e lembra que, no período da sua contratação, outros 173 professores foram empregados e garante que foi por via legal, por isso estranha o motivo de apenas os 88 estarem nessa condição.
“Gostaríamos de perceber do Ministério da Educação como fizeram esta avaliação, até chegarem ao ponto de ver os legais e os ilegais, se todos entrámos ao mesmo tempo. Houve, também, suspensão dos nossos salários, mas, no grupo, alguns estavam a auferir. Como isso é possível, se eles já apontavam o facto de termos sido contratados num momento em que não houve contratação?”, questionou o professor.
Os docentes em causa consideram a decisão injusta, até porque nunca tiveram uma comunicação oficial, desde a repercussão do caso.
Lucas Maria diz que teve a informação da sua suspensão através das redes sociais, com a circulação das listas com os nomes dos visados e a expulsão foi feita oralmente pela directora provincial de Educação.
“Foi uma grande surpresa, na verdade ninguém esperava, por isso tínhamos a esperança de que tudo seria resolvido e todos até diziam isso e continuamos a trabalhar normalmente. Mas, num dia desses, disseram-nos para ir para casa e que iam ficar apenas sete”, contou o que acha estranho, porque “eu entrei por via de concurso público”.
Tal como Lucas Maria, as outras fontes garantem que ingressarem no aparelho do Estado por concurso público e outros em substituição dos seus familiares.
Victor Daniel relata que, durante dois meses, trabalharam sem auferir os seus ordenados, mas sempre foram tranquilizados de que a situação seria resolvida.
“Somos docentes e viemos de todas as partes do país e o modo de vida que estamos a tomar agora é de incerteza e miséria; já não sabemos o que fazer, precisamos de voltar às nossas terras, mas não dispomos de valores para viajar”, queixou-se.
Com 88 professores expulsos, algumas escolas do distrito de Mecanhelas já se ressentem da falta de docentes e há semanas em que os alunos estão sem aulas.
“O País” contactou, telefonicamente, a directora provincial de Educação, mas não se mostrou disponível para falar sobre este assunto, tendo-se limitado a dizer que entraria em contacto com o nosso jornal.(x) Fonte:OPaís