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sábado, 24 julho 2021 13:22

Cabo Delgado: Cidadãos apelam às forças estrangeiras para respeitarem os princípios culturais locais

Os governos de Moçambique e do Ruanda, acordaram recentemente que o Ruanda irá disponibilizar mil homens das duas forças armadas para apoiar as forças armadas moçambicanas no combate ao terrorismo que vem se registando na província de Cabo Delgado desde 2017, ataques que causaram mais de 670 mil deslocados e vários mortos, conforme o relatório das Nações Unidas, na recente atualização de dados das agências humanitárias.

Cidadãos em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, pedem para que as tropas ruandesas valorizem e respeitem os hábitos e costumes culturais das comunidades, no decorrer da missão de combate ao terrorismo.

"Por eles serem militares, têm um padrão de vida diferente da sociedade em geral, mas como vieram ajudar Moçambique no combate ao terrorismo, acredito que eles vieram para cumprir o papel que lhes foi confiado para exercer em Cabo Delgado, e acima de tudo, transmitir segurança para as pessoas, porque a população de Cabo Delgado está toda insegura, está toda ansiosa e acreditamos que por ser uma força estrangeira, será mais uma valia para as forças nacionais, e nós queremos que essas forças nos transmitam segurança, transmitam paz e que respeitem a nossa cultura, a nossa identidade, porque apesar de serem militares, também são pessoas e têm um tipo de cultura", disse, este sábado (24.07.2021) a Zumbo FM Notícias, a cidadã Telma Adriano.

Na ocasião Telma, apelou ainda, "ao povo de Cabo Delgado que continue a ser um povo obediente, um povo pacífico e um povo que acredita em um futuro melhor para a província, que acredita que Moçambique todo está voltado em orações que clamam pela paz, que o governo está envolvido em trazer a paz para a província, continuando sempre a cultivar atitudes que possam preservar a nossa província, a mantermo-nos acima de tudo, vigilantes e a colaborar com a polícia e a força militar, denunciando qualquer situação de violência que formos a registar" – acrescentou Telma Adriano.

"Acredito que as forças armadas nacionais, estão preparadas para combater o terrorismo e defender a sua pátria e que toda a ajuda é sempre bem vinda, pior quando estamos em situações críticas, ter sempre alguém para nos apoiar é importante, então, olhamos para os soldados ruandeses e acreditamos que estão aqui para nos apoiar a melhorar o nosso sistema de defesa e colaborar para a paz em Cabo Delgado" – concluiu Telma Adriano.

Herman Tobias, outro entrevistado pela nossa reportagem, referiu que, “as tropas ruandesas devem trabalhar de acordo com os princípios da Declaração dos Direitos Humanos. Digo isso, porque primeiro, é respeitar a integridade física ou moral da própria população moçambicana, e nem sempre os que estão na mata têm sido insurgentes, uma vez a outra vemos população inocente que encontra-se a procura de abrigo e acaba sendo acusada. Mas acredito que as forças armadas ruandesas, vão dar o seu máximo, em colaboração com as forças armadas nacionais” – considera Herman Tobias.

Aquele munícipe, deixa uma mensagem à população, “um trabalho não é feito por uma mão só, isso quer dizer que não devemos deixar toda a responsabilidade para a nossa tropa e nem a tropa estrangeira, nós como o povo directamente afetado, devemos resolver uma parte deste conflito, denunciando casos que possamos considerar ser estranhos, porque assim que denunciarmos comportamentos não aceites, as tropas podem intervir de emergência, evitando a destruição de aldeias. Temos acompanhado situações em que alguns cidadãos escondem terroristas nas suas casas, desencorajar esse tipo de atitude” – acrescentou Herman Tobias.

Tobias, revelou ainda que uma das melhores maneiras para o combate ao terrorismo que tem vindo a destruir sonhos em Cabo Delgado, deixando a população sem teto e nem abrigo, é a união de todas as forças vivas envolvidas na causa.

“Desejar muita motivação as forças armadas moçambicanas, também dizer que com essa ajuda estrangeira, as forças devem unir-se por um só objetivo, que é a liberdade e a paz na região norte, em particular nas zonas afetadas pelo terrorismo” – concluiu Herman Tobias.

O popular Luís Zingai, considera que, "as tropas ruandesas devem trabalhar na dianteira das nossas forças e da comunidade, por estes conhecerem onde estão as pessoas refugiadas vindas de zonas afetadas, numa primeira fase, eles devem orientar a retirada da população das zonas onde eles querem actuar, porque o próprio inimigo, confunde-se como população e certamente os soldados também acabam correndo risco de não saberem quem é população e quem é inimigo" – disse Luís Zingai.

Em outro pronunciamento, Zingai disse: “a população deve colaborar nas orientações que as forças derem, se for para sair dos locais mapeados para os ataques, eles devem retirar-se, porque o inimigo pode infiltra-se nas comunidade, então, a população deve denunciar casos de desconfiança e deve colaborar para que sejamos livres, para que as forças ruandesas trabalhem com segurança, porque caso a população não colabore e os ruandeses sofrerem, pode ser provável que eles virem-se contra todos, e possam voltar para a sua terra, acredito que eles não irão sair perdendo" – frisou Luís Zingai.

Na ocasião Luís Zingai, reconheceu o esforço mostrado pelas tropas moçambicanas no combate ao terrorismo e apelou para que as mesmas possam ganhar mais experiência ao colaborar com tropas estrangeiras.

"A nossa força está a trabalhar, entregaram suas vidas, deixaram suas famílias para defender a nação, então estão de parabéns e que colaborem com as forças ruandesas e ganhem outras experiências, trabalhem em colaboração, para sairmos dessa tragédia que está a ceifar vidas humanas" – concluiu Luís Zingai.(x)

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