Otelo Saraiva de Carvalho, estratega do movimento dos capitães, que derrubou a ditadura salazarista no dia 25 de Abril de 1974 em Portugal, faleceu domingo em Lisboa com a idade de 84 anos. A sua morte foi confirmada aos meios de comunicação social por Vasco Lourenço, porta-voz dos capitães de Abril.
"Otelo", como o chamavam os portugueses, morreu no Hospital Militar, em Lisboa, onde estava em tratamento.
Figura notável, mas controversa, dos chamados capitães de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho falecido a 25 de Julho de 2021, desempenhou um papel de primeiro plano na Revolução dos Cravos que pôs fim, no espaço de uma manhã, praticamente sem derrame de sangue e numa explosão de alegria popular, a quase meio século de ditadura salazarista.
No dia 25 de Abril de 1974, então comandante de unidade, Otelo de Carvalho, coordenou no anonimato, a partir do Quartel da Pontinha em Lisboa, toda a rebelião dos capitães.
Segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Português, António Costa, Otelo Saraiva de Carvalho "tornou-se um dos símbolos da Revolução, que encerrou o capítulo da mais longa ditaura do século vinte na Europa, abrindo o caminho da democracia", para o país do sul europeu .
O Governo português realçou "a capacidade estratégica e operacional, bem como o compromisso e a generosidade de Carvalho, que foram decisivas para o sucesso do movimento do movimento dos capitães de Abril".
Otelo Saraiva de Carvalho, mentor militar da Revolução dos Cravos, nasceu na então Lourenço Marques (hoje Maputo), capital de Moçambique, a 31 de Agosto de 1936, e encetou a sua carreira militar no início dos anos 1960, numa altura em que Portugal estava envolvido em guerras coloniais.
Após a revolução, ele beneficia de uma popularidade que lhe permitirá ter determinada influência na vida política do seu país.
Otelo Saraiva de Carvalho candidatar-se-á por duas vezes as eleições presidenciais. Todavia o seu anti-conformismo, tornou-o uma personalidade desconcertante e controversa.
Em 1987, "Otelo" foi condenado a 15 anos de prisão por cumplicidade moral em atentados cometidos pela extrema-esquerda.
Ele será amnistiado em 1996 pelo seu envolvimento com as FP-25 (Forças Populares 25 de Abril), movimento clandestino da extrema-esquerda implicado em vários atentados mortíferos entre 1980 e 1987.
Num comunicado, o Partido Comunista Português (PCP) sublinhou que o mais importante a de 25 de Julho de 2021,data da morte do capitão de Abril, é destacar o papel de Otelo Nuno Saraiva de Carvalho no levantamento militar de 25 de Abril de 1974, acrescentando que não é o momento de julgar o seu percurso político. (x) Fonte:RFI