O Tribunal Constitucional proferiu um acórdão nesta segunda-feira, 2 de Agosto, indeferindo o pedido de Delfim Neves, terceiro candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, para que se voltassem a contar os votos. O também presidente da Assembleia Nacional tinha denunciado uma "frade massiva".
Este acórdão, tacitamente, viabiliza o avanço do processo eleitoral que se deveria traduzir na proclamação dos resultados definitivos da primeira volta de 18 de Julho e o subsequente anúncio da data da segunda volta, agendada numa primeira fase para 8 de Agosto.
Um prazo que não poderá ser honrado por não terem sido cumpridos os requisitos legais para a conclusão da primeira volta, estando-se neste momento, apenas, na posse de resultados provisórios que estipulavam uma segunda volta entre Carlos Vila Nova, da ADI, e Guilherme Posser da Costa, do MLSTP-PSD.
Este acórdão segue-se a outros emanados pelo Tribunal Constitucional que semearam a confusão.
Um deles assinado por dois juízes tinha-se pronuciado em prol de nova contagem de votos, posição contestada pelos demais titulares do órgão.
O acórdão de 2 de Agosto foi obtido por maioria de votos de 3 juízes, os mesmos que se tinham já oposto a deferir o pedido de Delfim Neves, contra 2 outros que se voltaram a pronunciar em prol desse pedido.
O impasse em torno da questão tinha levado a uma ampla mobilização dos órgão de soberania para se tentar pôr cobro ao impasse.
Mais uma ronda com os titulares dos órgãos de soberania foi realizada e presidida por Evaristo Carvalho, presidente são-tomense também hoje.
Numa tentativa de resolver o actual impasse eleitoral, o presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, reuniu-se pela segunda vez com os outros titulares dos órgãos de soberania.
A reunião foi realizada no Morro da Trindade, residência oficial do Presidente da República.
No final não foi feita nenhuma declaração. Minutos depois Evaristo Carvalho fez uma comunicação à nação na qual voltou a reafirmar a necessidade de se encontrar uma decisão no interior doTribunal Constitucional. Apelou à calma aos actores políticos e à população.
Ainda hoje o primeiro -ministro reagiu à manifestação de alguns cidadãos que se dirigiram à residência oficial do presidente da República para o pressionar na resolução do problema.
Jorge Bom Jesus referiu-se também ao grupo de cidadãos que se dirigiu à residência privada do presidente do Tribunal Constitucional, Pascoal Daio, e à vigília em frente ao Palácio presidencial e à Praça da Independência. Jorge Bom Jesus disse que o governo não vai tolerar actos de vandalismo e que os actores serão responsabilizados política e criminalmente.
"O contexto é deveras preocupante e precário. Exige de todos os actores políticos, sociais e sociedade civil organizada muita contenção para evitar derivas, aproveitamentos e até caos social ! Mais uma vez instamos os dirigentes políticos a adoptarem uma postura de responsabilidade patriótica perante a conjuntura actual que briga com o processo eleitoral em curso e a imagem do Estado são-tomense."(x) Fonte: RFI