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quinta-feira, 05 agosto 2021 09:09

Cabo Delgado: Oposição exige debate parlamentar sobre tropas estrangeiras

RENAMO e MDM insistem na convocação de uma sessão extraordinária na Assembleia da República para debater a presença de tropas estrangeiras no conflito em Cabo Delgado. FRELIMO diz que o Governo está a agir dentro da lei.

A bancada parlamentar da Resistencia Nacional Moçambicana (RENAMO) exigiu esta quarta-feira (04.08) a realização de uma sessão extraordinária na Assembleia da República para um debate em torno da presença de forças militares estrangeiras no norte do país.

O relator da bancada, Venâncio Mondlane, disse numa conferência de imprensa que, tendo em conta o princípio constitucional de que "a soberania reside no povo e o Parlamento tem o mandato do povo", então cabia, em princípio, a este órgão debater "todas as implicações da entrada das forças estrangeiras em Moçambique".

No entender de RENAMO "todas as decisões tomadas sem respeitar os procedimentos legais para uma situação relativa a um pedido de apoio militar exterior devem ser consideradas nulas e ilegais", defendeu Venâncio Mondlane.

Venâncio Mondlane, relator da bancada da RENAMO

O deputado da RENAMO desmentiu ainda informações indicando que as três bancadas parlamentares foram unânimes durante a sessão da Comissão Permanente da Assembleia da República, realizada na terça-feira (03.08), em criar um espaço na próxima sessão ordinária do Parlamento, em outubro, para partilhar com o Governo a situação em Cabo Delgado.

"Isto não constitui verdade", destacou Mondlane, para quem "seria um contrassenso extremo da própria RENAMO solicitar uma sessão extraordinária e depois estar unânime em protelar uma situação de emergência para daqui a dois, três meses".

"Debate devia ser agora"

Por seu turno, o porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Fernando Bismarque, também defende que o Presidente da República, Filipe Nyusi, devia ter comunicado ao Parlamento a chegada das tropas estrangeiras.

Para Bismarque, a sessão parlamentar para a discussão desta matéria "devia ser agora", porque, segundo explicou à DW África, "deixar esta decisão para outubro será de certa forma extemporâneo para discutir esta matéria".

Por outro lado, Fernando Bismarque denunciou que a posição tomada pela Comissão Permanente resulta da maioria que existe no Parlamento e não foi consensual. "A bancada maioritária, que é a da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), assim determinou", defendeu.

"Não há nenhuma violação"

Entretanto, o porta-voz da FRELIMO, Caifadine Manasse, considera que o Presidente Filipe Nyusi não violou nenhum artigo constitucional. "O Presidente Filipe Nyusi tomou decisões que cada moçambicano e cada homem de bem, da paz, neste momento sente-se confortado, porque a questão de Cabo Delgado não começou hoje", considerou Manasse.

A presidente do Parlamento, Esperança Bias, falou também esta quarta-feira (04.08) a jornalistas sobre a presença das tropas estrangeiras em Moçambique.

A dirigente defendeu que a Constituição da República estabelece os momentos em que a Assembleia da República deve se pronunciar. E Esperança Bias garantiu: "nós estamos a funcionar com base na Constituição. De acordo com a legislação que nós temos, não há nenhuma violação".(x) Fonte: Dw

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