Secretário-geral do partido no poder diz que o acordo assinado há dois anos está a registar progressos, mas aponta a Junta Militar dissidente do principal partido da oposição como um obstáculo à estabilidade.
O secretário-geral da FRELIMO, partido no poder em Moçambique, considerou esta sexta-feira (06.08) que o acordo de paz com a RENAMO está a registar progressos, considerando a Junta Militar, uma dissidência do principal partido da oposição, um obstáculo à estabilidade.
"O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional [assinado a 6 de agosto de 2019] está a andar]", afirmou Roque Silva, em declarações ao canal privado STV.
O secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) assinalou que o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de pouco mais de metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, imprimiu avanços no acordo.
"Os esforços que têm sido empreendidos pelo Presidente Filipe Nyusi têm tido, até certo ponto, correspondência do lado da liderança da RENAMO", sustentou Roque Silva.
Ouvido pela DW África, o porta-voz do maior partido da oposição, José Manteigas, criticou a lentidão do processo, chegando mesmo a classificar o DDR como assunto esquecido.
Apelo à consciência
Apesar de reconhecer avanços, Roque Silva deplorou as ações da Junta Militar, uma dissidência armada da RENAMO, apelando ao grupo para "levar a mão à consciência".
"Não podemos ignorar esta triste realidade, que é a atitude da Junta Militar da RENAMO, mas queremos crer que poderão encontrar o caminho e pôr a mão na consciência, aderindo ao DDR", enfatizou Roque Silva. Silva congratulou-se com o facto de dezenas de membros da Junta Militar terem desertado do grupo, aderindo ao processo de paz.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional foi assinado a 6 de agosto de 2019 em Maputo pelo atual Presidente da República e pelo líder da RENAMO, Ossufo Momade. O entendimento foi o terceiro entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
No âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, pouco mais de metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da RENAMO foram abrangidos pelo DDR, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.(x) Fonte:DW