Um total de 989 combatentes da Renamo, desmobilizados no âmbito do DDR ano passado, dos quais 304 da base de Savane, 251 de Mangomonhe e 434 de Vunduzi, todos em Sofala, estão sem salários há cerca de seis meses, de acordo com o secretário-geral daquele partido.
Quando os referidos combatentes foram desmobilizados, foi fixado um subsídio mensal de acordo com o nível de cada um, que duraria um ano, período durante o qual o Governo deveria tratar o processo de pensões, de modo que, findo os subsídios de um ano, suportados pelas Nações Unidas, passariam automaticamente a receber as pensões vitalícias do Estado.
“Já passam seis meses e não há salários. A pergunta que nós colocamos ao Governo é: como é que os combatentes vão sobreviver e sustentar as suas famílias?”, indagou André Magibire, secretário-geral da Renamo.
Para os desmobilizados, a falta de subsídios está a comprometer a sua inserção na sociedade. “Sem salários há cerca de seis meses, a solução passa por contrair dívidas que, agora, nos sufocam. Vivemos em casas arrendadas e, todos os dias, temos que inventar desculpas aos senhorios. Os nossos filhos deixaram de frequentar a escola, porque estamos sem capacidade para comprar material e muito menos para suportar as despesas de transporte. Rogamos ao Governo para resolver urgentemente esta situação, por forma a garantir a nossa inserção na sociedade”, pediu Janito Muata, que falava em nome dos desmobilizados.
O secretário-geral e os desmobilizados da “perdiz” falavam à imprensa no distrito de Dondo, em Sofala, depois de um encontro que tinha como objectivo encontrar soluções para o problema.
“A primeira proposta é que as Nações Unidas devem retomar, esta semana, o pagamento dos subsídios, por um prazo indeterminado, até que as pensões dos desmobilizados estejam regularizadas”, afirmou Magibire.
A segunda proposta avançada pela Renamo está relacionada com o financiamento de projectos. “Antes da desmobilização, os grupos de DDR estiveram em todas as bases, fazendo levantamento dos projectos que cada um gostaria de seguir depois de passar para a sociedade. Todos os desmobilizados escolheram os seus projectos, mas, infelizmente, até hoje nenhum foi concretizado. Queremos que as promessas sejam cumpridas imediatamente”, exigiu André Magibire.
No final, André Magibire pediu aos antigos guerrilheiros, que estão sem salários há cerca de seis meses, para ficarem calmos e prometeu que a liderança do partido vai continuar a pressionar o Governo e as Nações Unidas para resolverem o problema.(x) Fonte: OPais