A retomada de Mocímboa da Praia ocorreu cerca de um mês depois da chegada de militares ruandeses a Cabo Delgado, e, para o jornalista Fernando Lima, isso mostra que aqueles que estão a desencadear a violência naquela província não têm uma força tão imensa como muitas vezes se pretende, e que qualquer força militar minimamente organizada e com meios pode derrotá-los.
"Quando uma zona esteve durante um ano sob ocupação, e vem uma força externa reocupá-la num mês de operações, isso mostra que a insurgência não é tão poderosa, mas penso que não se deve enveredar por nenhum triunfalismo," diz Lima.
Guerrilha
Na leitura daquele jornalista, a reconquista de Mocímboa da Praia tem um valor estratégico por causa do porto e da pista de aviação, mas ainda há zonas importantes onde estão as bases principais da insurgência, que não foram eliminadas.
"E vai ser muito mais difícil, porque se trata de posições no meio da floresta; para além disso, vai ser necessário consolidar os territórios reconquistados," diz.
Por seu turno, o sociólogo Moisés Mabunda diz ser necessário que as diversas forças se preparem para a fase que considera a mais difícil, que poderá começar a partir de agora, a da guerrilha, e que, eventualmente, se vai alastrar a outras províncias.
"É preciso evitar que isso aconteça, perseguindo os terroristas; o trabalho só começou, é preciso ver qual é a estratégia que os terroristas vão usar", realça Mabunda.
Dércio Alfazema, analista político, entende também que com a intensificação dos combates no terreno, os insurgentes vão se dispersar procurando refúgio noutros locais, pelo que é preciso que haja um controlo mais efectivo sobretudo nas zonas de saída dos campos de ataque, bem como uma maior vigilância no triângulo Niassa, Nampula e Cabo delgado.(x) Fonte: VOA