Na Grécia, os bombeiros enfrentam há oito dias consecutivos incêndios de grandes proporções na ilha de Eubeia, a cerca de 200 km a norte de Atenas, e Maria da Piedade Maniatoglou, tradutora instalada em terras helénicas há vários anos que detém um casa nessa região, descreve uma "calamidade".
"Temos uma casa de campo na ilha de Eubeia, que está a ser devastada há mais de uma semana e aí, sim, tivemos bastante sorte. A casa acabou por ficar intacta, embora o terreno à volta tenha ficado queimado. Conhecemos aquela região e estamos muito chocados e desgostosos com a situação. É uma catástrofe, é uma calamidade", afirmou Maria da Piedade Maniatoglou.
Esta portuguesa vive em Atenas, onde há duas semanas não pode abrir as janelas da sua casa devido ao fumo e às micropartículas que se juntaram no ar devido aos fogos que têm abalado um pouco todo o país. Na capital grega, Maria da Piedade Maniatoglou, não vive perto da zona afectada pelos fogos já extintos, mas sofre as consequências.
"Não fui directamente afectada pelos incêndios à volta da capital, tirando o facto da atmosfera estar bastante irrespirável, com muito fumo e micropartículas no ar, desde o primeiro minuto recomendaram às pessoas que não abram as janelas durante estes dias", explicou.
Eubeia é uma ilha com praias paradisíacas, mas também com uma densa região florestal de montanha, com várias pequenas aldeias perdidas nas escarpas, algo que tem dificultado a vida dos bombeiros que tentam combater as chamas há oito dias.
Já foram retiradas três mil pessoas da ilha por mar e os bombeiros tentam agora que as chamas não cheguem à cidade de Istiea, que tem milhares de habitantes.
"A parte Norte da ilha, sobretudo, que estava coberta de grandes massas florestais, está praticamente destruída. Fala-se que praticamente 80% das áreas florestais ficarão destruídas", lamentou Maria da Piedade Maniatoglou.
Resta a solidariedade da população grega em relação aos bombeiros, equipas vindas do estrangeiro e voluntários que partem para combater o fogo, assim como os habitantes que ficam para trás para tentar salvar as suas casas.
"Está em grande foco a acção solidária dos países que vieram ajudar a Grécia, mas também dos voluntários que a par dos bombeiros têm combatido as chamas, há centenas de bombeiros voluntarios e de habitantes que não se querem ir embora e querem tentar ajudar a salvar as suas casas", descreveu.
As temperaturas continuam elevadas, por períodos mais longos do que o normal, o que não ajuda no combate às chamas.
"Sempre houve incêndios, sempre houve vagas de calor. Estamos com temperaturas que chegam aos 47 ºC, mas está a prolongar-se há mais de 15 dias. Tudo isto está ligado às mudanças climáticas", concluiu.(x) Fonte: RFI