O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu esta segunda-feira uma iniciativa europeia "robusta e coordenada" para gerir fluxos migratórios resultantes da chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão.
Macron apelou à "solidariedade, harmonização de critérios e estabelecimento de cooperação com os países recetores".
O presidente francês assegurou ainda que o seu país pretende que o Afeganistão não volte a ser um santuário jihadista e que terá como objetivo "antes de tudo, continuar a lutar ativamente contra o terrorismo islâmico em todas as suas formas".
O objetivo imediato é colocar em segurança os franceses e vários afegãos que trabalham com a França ou que defendem os direitos humanos, acrescentou.
Macron revelou que a França vai enviar dois aviões militares e forças especiais, que devem estar dentro de poucas horas em Cabul para evacuar todos os estrangeiros que queiram abandonar o país.
Em Cabul, para além dos seus diplomatas e funcionários da embaixada, a França está neste momento a proteger diversos delegados da União Europeia que ainda estão na capital, assim como funcionários de diversas nacionalidades de organizações não-governamentais.
O chefe de Estado francês falou sobre a presença militar da França durante 13 anos, entre 2001 e 2014, dizendo que as mortes de 90 soldados franceses "não foram em vão" e que "o único inimigo da França" no Mundo é o terrorismo.
A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do Presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio - altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias", através de uma "transição pacífica", 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Esta segunda-feira, numa mensagem de vídeo, o mullah Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do Presidente, Ashraf Ghani, e a captura de Cabul.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar.
No entanto, os talibãs não forneceram, até agora, informações sobre como funcionará o processo de transição ou a tomada do poder.(x) Fonte:SIC