Após 20 anos de guerra, os talibã voltam ao poder no Afeganistão com os norte-americanos a promoverem uma operação relâmpago de evacuação de forma a retirar estrangeiros e aliados afegãos do território.
O governo afegão colapsou e a transição está agora a ser liderada pelo antigo presidente Hamid Karzai, de forma a que a passagem de poder para o grupo terrorista se faça pacificamente.
O ainda presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, abandonou o país no domingo, defendendo que a sua escolha visou evitar "um banho de sangue" e o governante estará agora no Uzbequistão.
Os talibã garantiram entretanto que os seus guerrilheiros não têm permissão para entrar nas casas dos civis em Cabul, excepto se for para proteger a vida, propriedade ou honra dos habitantes.
O grupo também prometer manter-se afastado do bairro onde vivem os diplomatas da Embaixada dos Estados Unidos e onde vivem também muitos dos maiores aliados estratégicos afegãos dos Estados Unidos, que entretanto fugiram ou estão escondidos.
Milhares de pessoas estão a tentar deixar Cabul e grande parte está a tentar fazê-lo através do aeroporto da capital, ainda controlado pelas forças afegão. No entanto, a aviação civil deixou de ser permitida e só aviões militares, muitos deles afiliados aos aliados que estão a evacuar os seus nacionais, podem deixar a capital.
A equipa de Joe Biden foi "surpreendida", segundo a Associated Press, pela velocidade com que os talibã tomaram o país e como as forças afegãs se afundaram face a esta ameaça.
Os Estados Unidos já enviaram para o terreno mais tropas de forma a facilitar a saída de funcionários das embaixadas estrangeiras, mas também afegãos que têm colaborado com esses países e que podem sofrer represálias com a instauração de um novo regime liderado pelos talibã.
A União Europeia e a NATO vão promover uma operação, integrada por Portugal, de forma a proteger os seus cidadãos no Afeganistão.
Ao contrário da maior parte das embaixadas presentes em Cabul, a Rússia já anunciou que manterá a sua representação no país, dizendo querer "estabelecer laços" com o novo regime encabeçado pelos talibã.
Angela Merkel, segundo relatos feitos à Agence France Presse, terá dito que o anúncio da saída do Estados Unidos do Afeganistão até ao final de Agosto, terá tido "um efeito dominó" no país, considerando que a decisão foi motivada por razões "de política interna" norte-americana.
O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se esta tarde e vários líderes mundiais vão falar sobre a situação no Afeganistão, incluindo Emmanuel Macron que vai falar ao país às 20:00 de Paris.(x) Fonte:RFI