A afirmação é do investigador do Observatório do Meio Rural (OMR), João Feijó, que refere que os terroristas que protagonizam ataques armados em Cabo Delgado são moçambicanos, bem identificados pelas comunidades locais.
“Com o nosso novo estudo queremos demonstrar que o inimigo tem carne e osso. São pessoas comuns, conhecidas pela sociedade local. Têm um caderno de reivindicações que ainda é pouco estruturado e imaturo, mas existe. O inimigo é moçambicano, é uma pessoa que nasceu entre nós, que jogou futebol conosco, que estudou conosco e que, em determinada altura, se radicalizou e explorou as contradições sociais existentes na sociedade moçambicana.”
Feijó, que falava em entrevista à DW, disse entender que há canais de comunicação que precisam ser explorados pelo Governo para permitir encetar negociações com os insurgentes.
“Sobre o diálogo, achamos que deve ser entendido não como uma forma simplesmente formal no sentido de negociação sentado à mesa, mas como uma coisa mais abrangente, que possa incluir a possibilidade de libertação de reféns ou de pessoas raptadas. Mas também pode abranger assistência às pessoas que estão nas zonas de insurgência. Ou seja, uma negociação abrangente, que deve incluir a possibilidade de se repensar o modelo de desenvolvimento.”(x)