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quarta-feira, 18 agosto 2021 07:57

Moçambique: 62 mil pessoas fugiram de Mocímboa da Praia desde início de ataques

Autarca de Mocímboa da Praia, que considera que "guerra não tem base nem objetivo", diz ainda que rasto de destruição deixado pelos rebeldes durante mais de um ano é profundo.

"Nós tínhamos um total de 62.390 mil pessoas, que hoje está dispersa em todos os cantos do país. Uns estão em Pemba [a capital provincial de Cabo Delgado] e outros estão fora, em províncias como Nampula", disse Cheia Carlos Momba, presidente da autarquia de Mocímboa da Praia, em entrevista à Lusa em Pemba. 

Em mais de um ano nas "mãos" de rebeldes, a vila costeira de Mocímboa da Praia, uma das principais do norte da província de Cabo Delgado, foi saqueada profundamente, tendo os insurgentes destruído quase todas as infraestruturas públicas e privadas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais. 

"Eles queimaram tudo", declarou o presidente daquela autarquia, acrescentando que algumas casas que foram poupadas são as mesmas que estes grupos usavam para habitar. 

"Depois de eles tomarem aquela vila, tornaram-na na sua base. Suspeito que mesmo o ataque a Palma [em 24 de março deste ano] foi originado e preparado em Mocímboa da Praia", acrescentou. 

Cheia Carlos Momba hoje dirige os destinos da vila a partir de Pemba, que fica a mais de 340 quilómetros de Mocímboa da Praia. 

Na capital provincial de Cabo Delgado, o governo local instalou provisoriamente um gabinete para os funcionários do Conselho Municipal de Mocímboa da Praia. 

"Perdemos quase seis funcionários com estas incursões de malfeitores e atualmente trabalhamos neste escritório improvisado. Os serviços não estão a parar", declarou Cheia Carlos Momba, que considera não haver "qualquer lógica" na atuação dos rebeldes. 

"Aquela guerra não tem base nem objetivo. Eles não têm qualquer perspetiva no futuro", frisou. 

A vila costeira de Mocímboa da Praia, uma das principais do norte da província de Cabo Delgado, foi a região em que os grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017. 

Terrorismo é "travão" ao investimento

Entretanto, e em declarações à emissora pública Rádio Moçambique, António Niquice, presidente da Comissão do Plano e Orçamento do parlamento moçambicano, afirmou que o "terrorismo e os raptos são um problema sério, porque a segurança é condição 'sine qua non' para os investimentos".

De acordo com António Niquice, é fundamental que a estabilidade seja reposta nas áreas afetadas pela violência, para que os programas de desenvolvimento social e económico sejam retomados. 

"Não existe nenhum investidor que vai colocar o seu dinheiro, enquanto prevalecer a ideia de que Moçambique é um país inseguro", declarou o também deputado pela bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder. (x) Fonte:DW

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