A partir de quarta-feira passou a ser obrigatório para os profissionais de saúde em França estarem vacinados, com muitos enfermeiros e pessoal a hospitalar a alegar que foram pressionados a fazê-lo pelas suas hierarquias. A pena para quem não é vacinado? Não poder exercer a profissão e perder o salário.
Dezenas de pessoas concentraram-se na manhã de terça-feira à frente do Ministério da Saúde em França para protestar contra a obrigação da vacinação contra a covid-19 para todos os profissionais de saúde.
Para Asdine Aissiou, secretário-geral da CGT no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, o que está em questão não é a vacinação, mas sim a falta de meios.
“Estamos aqui para denunciar o que o Governo está a plicar, a vacinação obrigatória para toda a gente que trabalhano hospital. O problema não é a vaicnaçõa, o problema é como estão a estigmatizar os profissionais de saúde e não falamos do verdadeiro problema. A falta de meios no hospital e a falta de orçamento. Há muito poucos profissionais que estão contra a vacinação. É uma infíma percentagem", disse o sindicalista.
No início do verão, o Presidente da República, Emmanuel Macron, avisou que a partir de 15 de setembro a vacinação seria obrigatória não só para os profissionais de saúde em hospitais ou clínicas, mas também para pessoal administrativo, assim como lares, unidades de cuidados continuados, centros de saúde, estudantes na área da saúde que acedam a essas estruturas e ainda bombeiros e militares com missões civis.
Também nessa altura foi apresentada a sanção para quem não se vacina: a suspensão da atividade profissional e do salário.
No total, segundo os dados mais recentes revelados pelo Ministério da Saúde, 84% das pessoas que trabalham nos hospitais em França estão completamente vacinadas, um número que sobe para 90% entre os que exercem uma profissão na área da saúde em regime liberal.
Suzanne Santos, enfermeira de origem portuguesa nos arredores de Paris, exerce a sua profissão em regime liberal e não se queria vacinar, mas a ameaça de não poder mais trabalhar falou mais alto.
"Eu fui obrigada por causa desta lei, senão eu não queria vacinar-me. Eu apanhei a covid em Janeiro, no âmbito da minha profissão. Fiquei doente, fiquei parada 10 dias, depois disso fiz um teste serológico para ver se tinha imunidade no fim do mês de fevereiro e o ressltado é que tenho imunidade, assim como o meu marido e o meu filho. Se eu não tivesse sido vacinada, não podia trabalhar", lamentou a enfermeira de origem portuguesa.
Os sindicatos da Saúde estão revoltados com esta medida e temem agora que o trabalho aumente, como descreveu Coralie, jovem enfermeira, na manifestação.
"Como vai haver falta de profissionais, vão pedir-nos a nós de fazer mais. Como isso não é possível, vamos ter de deixar lado os cuidados para o bem estar do paciente em hospitalização, como se fosse uma fábrica. Eu sou vacinada há algum tempo, porque fui pressionada pela minha hierarquia para me vacinar", afirmou Coralie.
Stephanie dos Santos Campanha trabalha na farmácia do Instituto Gustave Roussy, o maior centro de luta contra o cancro na Europa que fica nos arredores de Paris e afirma que os seus colegas estão prontos a juntar-se aos protestos agendados contra o Governo no dia 5 de outubro devido à obrigação de vacinação.
"O Governo francês não nos pode fazer isto, nós trabalhmos nos hospitais e mesmo durante o confinamento viemos trabalhar todos os dias, não tivemos férias, trabalhámos sábados e domingos e agora o tratamento que nos dão, não pode ser. Há muita pressão para nos vacinarmos", concluiu a secretária-geral da CGT no Instituto Gustave Roussy.(x) Fonte:RFI