As autoridades norte-americanas avisaram que todos os migrantes deixaram esta sexta-feira um acampamento no Texas, próximo da fronteira com o México, após quase 15 mil pessoas -- maioria haitianos -- terem-se dirigido para aquele local à procura de asilo, nos últimos dias.
É uma mudança dramática em relação ao sábado passado, quando atingiu o pico.
Motivados pela confusão sobre as políticas da Administração Biden e pela desinformação nas redes sociais, na ocasião, os migrantes acorreram ao campo na passagem de fronteira que liga Del Rio, no Texas, à cidade de Acuña, no México.
Em conferência de imprensa, o presidente da câmara de Del Rio, Bruno Lozano, disse que eram "notícias fenomenais".
Muitos haitianos podem ser expulsos, porque não estão protegidos pelas ajudas recentemente prolongadas pelo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, aos mais de 100 mil migrantes provenientes do Haiti que já se encontram em território norte-americano, citando preocupações de segurança e agitação social naquele país caribenho.
Um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter que abalou o sudeste do Haiti, em agosto, fez com que muitos haitianos abandonassem o país.
USO DE CAVALOS: "HAVERÁ CONSEQUÊNCIAS. É UMA VERGONHA"
Os EUA e o México parecem ansiosos, segundo a agência de notícias AP, para acabar com a situação humanitária, que cada vez está mais politizada, tendo levado já à renúncia do enviado especial do governo norte-americano ao Haiti e à indignação generalizada, depois de terem sido reveladas imagens autoridades fronteiriças a manobrarem cavalos para bloquear os acessos e retirarem os migrantes à força.
Joe Biden afirmou que a forma como as autoridades estavam a usar os cavalos era "horrível" e que as pessoas iam "pagar" por isso. Os agentes, que foram designados para tarefas administrativas, estão a ser investigados pelo governo.
"Haverá consequências. É uma vergonha, mas está além de uma vergonha -- é perigoso, é errado, envia uma mensagem errada ao mundo e envia uma mensagem errada para casa. Simplesmente, não somos nós", sustentou.
Durante a tarde, o secretário de Segurança Interna norte-americano, Alejandro Mayorkas, falou com cautela sobre a investigação sobre o uso dos cavalos.
Questionada sobre a situação, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden "não estava a julgar previamente um resultado. Estava a falar com o coração", adiantando que não está a interferir em nenhuma investigação.
Alejandro Mayorkas afirmou que cerca de dois mil haitianos foram rapidamente expulsos do país, embarcando em 17 voos, desde domingo passado e mais podem ser expulsos nos próximos dias, através das medidas para controlar a pandemia.
CRISE MIGRATÓRIA
O secretário de Segurança Interna explicou que os EUA permitiram que cerca de 12.400 entrassem no país, de forma temporária, enquanto reivindicam a permanência no país, de acordo com as leis de asilo ou outros motivos.
Em última análise, os migrantes podem ser negados e expulsos.
Cerca de cinco mil estão sob custódia do Departamento de Segurança e a ser alvo de processo para determinar se vão ser expulsos ou se terão permissão para a apresentar pedidos de residência. Alguns já voltaram para o México.
Uma autoridade norte-americana, com conhecimento do caso, disse que seis voos estavam esta sexta-feira programados para o Haiti, sete para sábado e seis para domingo, embora pudesse estar sujeito a alterações. Segundo a AP, o funcionário não foi autorizado a falar publicamente.
No México, pouco mais de 100 migrantes, a maioria solteiros, permaneceram no acampamento, junto ao rio, na cidade de Acuña.
Dezenas de famílias que estavam naquele local voltaram para Del Rio durante a noite depois de as autoridades mexicanas terem deixado a área. Alguns agentes da patrulha de fronteira ajudaram famílias com crianças a atravessar o rio.
Alguns migrantes também se mudaram para pequenos hotéis ou residências particulares na cidade de Acuña.
As autoridades detiveram seis migrantes na tarde de quinta-feira.(x) Fonte: SIC