Insurgência tem sido tema de reuniões bilaterais da chefe da diplomacia com líderes de outros países na ONU. Verónica Macamo tranquiliza parceiros sobre a crise de segurança para que Moçambique receba investimentos.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique afirmou esta terça-feira (28.09) que a evolução da situação em Cabo Delgado tem sido "muito positiva", elogiando a capacidade de resistência da população e dos soldados.
Em entrevista à agência Lusa nas Nações Unidas, em Nova Iorque, Verónica Macamo explicou que o "modus operandi do terrorismo" impossibilita fazer uma avaliação concreta do futuro, mas a "evolução é muito positiva".
"Temos de continuar a batalhar, continuar a trabalhar. Os nossos soldados, os filhos têm de continuar, portanto, a resistir, com a forças aliadas, até conseguirmos derrotar o terrorismo", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique.
"Nós acreditamos que com o esforço que está a ser feito pelos nossos soldados, polícias mas também com a ajuda da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e de Ruanda, nós vamos conseguir efetivamente combater com sucesso" os insurgentes, afirmou Verónica Macamo, congratulando-se já com "alguns sucessos no terreno".
A insurgência em Cabo Delgado tem sido um dos temas em análise em reuniões bilaterais da chefe da diplomacia moçambicana com líderes de outros países na Organização das Nações Unidas (ONU).
Diplomacia económica
As reuniões diplomáticas são focadas também no "âmbito da diplomacia económica, para que efetivamente [os países] possam escolher Moçambique como destino do seu investimento", sublinhou a governante, que se encontra em Nova Iorque desde 18 de setembro.
Verónica Macamo Dlhovo defendeu que Moçambique tem "ótimas condições" e, apesar do "problema numa zona circunscrita de Cabo Delgado, circunscrita a alguns distritos", isso "não impede que haja investimentos".
"Os terroristas provocaram em, Cabo Delgado, um número de deslocados muito grande, portanto uma emergência sem precedentes. Nós temos mais de 800 mil pessoas para alimentar, para tomar conta, para cuidar", que saíram "devido à gravidade, devido à brutalidade com que os terroristas agem no terreno", disse à Lusa.
"Seria muito complicado com os nossos recursos", considerou a responsável, declarando que Moçambique está a precisar de "muita ajuda", numa altura em que a reconstrução está avaliada num valor de 300 milhões de dólares (280 milhões de euros).
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação acrescentou que, com a estabilização e o desaparecimento gradual da violência, as centenas de milhares de deslocados querem voltar, mas Cabo Delgado depara-se com o problema de destruição das infraestruturas.
"O nosso grande problema agora é a reconstrução daquelas zonas, porque os terroristas destruíram o sistema de águas, o sistema escolar, sistema de saúde, sistema elétrico e também estão a destruir outras infraestruturas mesmo ligadas à administração pública", descreveu a chefe da diplomacia moçambicana, defendendo que as populações têm de regressar para "condições de habitabilidade".(x) Fonte: DW