Reunidos numa cimeira na Eslovénia, os líderes da União Europeia vão tentar, esta quarta-feira, apaziguar a frustração dos seis países Balcãs Ocidentais, bloqueados durante anos na antecâmara do bloco europeu, com a tentação de se voltarem para a Rússia e para a China.
Ao chegar ao Castelo de Brdo, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enviou uma mensagem de esperança aos seis estados dos Balcãs.
"Queremos enviar uma mensagem clara aos Balcãs Ocidentais: Queremos que façam parte do bloco europeu, não desistam. O objectivo está ao nosso alcance", disse.
Mas na estrada sinuosa para a integração europeia, os líderes da Albânia, Bósnia, Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte e Kosovo não podem esperar eternamente e já não escondem a decepção.
"Não tenho ilusões quanto à adesão antecipada à UE", disse o Presidente sérvio Aleksandar Vucic. "Actualmente, o alargamento aos Bálcãs não é um tema dominante nem um tema popular."
O primeiro-ministro do Kosovo denunciou "uma injustiça". “É claro que sou crítico”, sublinhou Albin Kurti, embora “ainda espere que a UE se mantenha fiel à promessa de alargamento”.
Os seis candidatos contam com o apoio da Áustria, Hungria e Eslovênia, país anfitrião da reunião que atualmente detém a presidência rotativa da UE.
Mas as reservas de outros Estados membros são muito fortes: alguns receiam um fluxo de migrantes, outros culpam as reformas que são muito tímidas, por exemplo, o respeito pelo Estado de direito ou a luta contra a corrupção.
A França, a Dinamarca e a Holanda congelaram as negociações de adesão com a Albânia e a Macedônia do Norte em 2019. O processo foi relançado um ano depois.
A Bulgária bloqueou as aspirações da Macedónia do Norte por questões linguísticas.
Quanto ao Kosovo e à Sérvia, que nunca reconheceu a independência da sua antiga província de maioria albanesa, as relações tumultuadas entre os dois países são o grande obstáculo para a entrada na UE.
Enquanto a Europa está dividida, a China e a Rússia aproveitam para investir na região e aumentar a esfera de influência. Os dois países enviaram milhões de doses de vacinas para ajudar na luta contra a pandemia de Covid-19.
A União Europeia ofereceu milhões aos Balcãs Ocidentais, mas, para já, o alargamento parece não passar de uma miragem.
Durante a cimeira na Eslovénia, os líderes europeus vão discutir as lições da retirada caótica do Afeganistão e a subida dos preços da energia.(x) Fonte:RFI