O pensamento foi deixado, hoje, em Maputo, durante o lançamento do filme “Nhinquitimo”, do realizador moçambicano Licínio Azevedo. Trata-se de uma curta-metragem de 20 minutos que retrata episódios de exploração colonial em Moçambique nos anos 60.
Encarnado a partir da obra do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana, o filme do realizador Lucínio Azevedo lançado, ontem, convida os expectadores a recuarem no tempo, para conhecer um Moçambique de outrora, em que o preto não se misturava com o branco. Onde a igualdade e direitos humanos eram o que menos existia… Luís Bernardo Honwana, escritor que inspirou o filme, foi o primeiro a intervir e mostrou-se feliz com a qualidade do trabalho.
“Acredito que esta história reflecte a história dos moçambicanos e muito me honra por ser o seu autor. Trata-se de uma história que faz referência ao nosso passado histórico recente, e quis o realizador do filme lembrar os moçambicanos dessas histórias que continuam a ser importantes nesse processo contínuo de construir Moçambique. O mérito desse belíssimo trabalho é de Licínio Azevedo e da sua equipa, e confesso que fiquei maravilhado com o trabalho desenvolvido”, detalhou o escritor.
Coube a Lucínio Azevedo apresentar à plateia o elenco que operacionalizou o filme. Na ocasião, o realizador revelou que este não é o fim e que há muito mais por vir.
“Este tipo de filme traz a questão didáctica para a assistência, porque entendo que as novas gerações não têm a mínima ideia de como se vivia naqueles tempos, como os seus antepassados eram tratados. Apesar das dificuldades, pretendemos fazer três filmes, cujo título geral será trilogia preto-e-branco e a temática seria a mesma, a exploração no tempo colonial”, revelou.(x) Fonte: DW
Chamado a discursar, o Presidente da República começou por elogiar o cineasta moçambicano pela ousadia de criar em tempos difíceis impostos pela COVID-19.
“Admiro a garra do Lucínio. Quando vi o filme Comboio de Sal e Açúcar notei que as filmagens revelavam cenários que nos remetem a uma realidade palpável e que existiu. Vi o filme enquanto viajava de avião e fiquei impressionado com a qualidade e senti-me orgulhoso, porque era um filme moçambicano a ser visto numa companhia aérea estrangeira. Isso significa que os filmes podem engrandecer o país no concerto de outras nações e entendo que há muito por se documentar neste país”, iniciou Filipe Nyusi para, em seguida, defender que os filmes são uma das melhores formas de guardar e valorizar a nossa história.
“Uma das melhores maneiras de documentar a nossa história é através de obras como estas e os filmes atravessam gerações. Estou feliz porque tenho visto várias iniciativas até de jovens cineastas. Nós, como Governo, estamos abertos para apoiar essas iniciativas”, terminou.
“Nhinquitimo” é um filme produzido por Jorge Ferrão e editado por António Forjaz e contou com patrocínio de empresas nacionais e organizações estrangeiras. Espera-se que curta represente o país nos próximos festivais de curtas-metragens, sendo que, em Moçambique, poderá estar disponível ao público nos próximos dias.
Filmada em Boane e Tsalala, província de Maputo, a curta-metragem conta a história de moçambicanos explorados por um fazendeiro português. Mesmo com suas terras, o referido fazendeiro fez pressão junto do administrador para expropriar a machamba de um dos seus trabalhadores, que já começava a ter ganhos com a actividade agrícola. Insatisfeito com a situação e com o regime colonial, o trabalhador tentou convidar outros moçambicanos, seus colegas, a insurgir-se contra o patrão, mas debalde porque foi tido como louco.