Desde hoje e até esta quinta-feira, o Comité Central do Partido Comunista Chinês está reunido naquele que é o encontro mais importante do ano. Na agenda das discussões está nomeadamente uma resolução sobre a história do partido que este ano celebrou 100 anos de existência.
Até ao dia 11 de Novembro, mais de 400 altos dirigentes do PCC estão reunidos à porta fechada para discutir uma resolução sobre a história desta formação, um projecto cujo conteúdo foi explicitado pelo Presidente Xi Jinping, sem que tenham filtrado elementos para já.
De acordo com especialistas, esta resolução poderia inscrever-se numa manobra do presidente chinês para reforçar o seu poder e sobretudo prolongar a sua presença na chefia do partido, antes mesmo do vigésimo congresso do PCC em 2022, reunião durante a qual ele deveria obter um terceiro mandato como líder desta formação que cumpriu cem anos de existência este ano.
Num século de existência, o PCC adoptou apenas duas resoluções sobre a sua história: uma em 1945, ainda antes da chegada de Mao Tsé-Tung ao poder e outra em 1981, na qual Deng Xiaoping lançou as suas reformas económicas e criticou o caos criado pela "Revolução Cultural" de Mao.
Com esta nova resolução sobre a história do PCC a ser submetida durante os próximos 4 dias à apreciação dos delegados, o chefe de Estado chinês poderia seguir o caminho de Deng Xiaoping quando emitiu um parecer crítico sobre o seu antecessor. Observadores consideram que Xi Jinping poderia optar por criticar "os excessos" da política de abertura económica de Deng Xiaoping, no intuito de legitimar uma estratégia mais restritiva para com o sector privado na China que tem estado a atravessar zonas de turbulências.
Apesar de manter bons indicadores comparando com o resto do mundo em pleno contexto de pandemia, a China tem estado a conhecer um crescimento menos acentuado nestes últimos tempos. Em meados de Outubro, a China admitiu estar a conhecer uma forte desaceleração do seu crescimento económico no terceiro trimestre, com uma progressão de 0,2% comparativamente ao período Abril-Junho durante o qual o PIB chinês cresceu 1,3%.
Os cortes de electricidade que perturbaram as cadeias de fornecimento, a fraca procura interna que é o tradicional motor do crescimento do país, a diminuição dos investimentos das colectividades locais e as restrições das condições de obtenção de créditos, são alguns dos factores apontados.
Uma das vítimas deste contexto menos favorável é o sector imobiliário, o gigante chinês do sector -Evergrande- estando a encontrar dificuldades em obter liquidez para finalizar algumas obras. Esta empresa cuja situação não é exclusiva no sector imobiliário chinês, acumulou uma dívida de 300 biliões de dólares e encontra-se actualmente à beira da falência.(x) Fonte:RFI