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terça-feira, 09 novembro 2021 07:44

Moçambique: "São necessárias medidas arrojadas" para travar acidentes na EN1

Alexandre Nhampossa, da AMVIRO, defende a dotação de mais recursos, bem como ações de fiscalização para acabar com a estrada da morte em Manhiça. Em seis meses, pelo menos três grandes acidentes mataram 60 pessoas.

Após um trágico acidente rodoviário no sábado (06.11), que matou 17 pessoas, o governo provincial de Maputo reuniu-se num encontro extraordinário no domingo (07.11.), juntamente com diversas autoridades, para debater medidas extraordinárias. 

No final do encontro, deram conta de um reforço de fiscalização ao longo da estrada nacional 1 (EN1), no distrito da Manhiça, em Maputo. Foi ainda anunciada a revisão da sinalização e dos limites de velocidade na mesma via, obras nalguns locais e campanhas de sensibilização para uma condução segura.

Neste contexto, falámos com Alexandre Nhampossa, presidente da Associação Moçambicana para as Vítimas da Insegurança Rodoviária (AMVIRO), que frisou que numa altura em que se aproxima mais uma quadra festiva, "onde o nível de trânsito é sempre muito intenso", todas as melhorias nas estradas são bem-vindas. 

Nhampossa saudou por isso as medidas anunciadas, mas defendeu que, paralelamente a estas ações, devem ser desenvolvidas "ações focadas às características do tráfego de cada zona".

DW África: Depois de mais um trágico acidente, as autoridades reuniram-se de urgência e anunciaram, entre outras medidas, um reforço na fiscalização da EN1. Esta é uma medida que peca por tardia?

Alexandre Nhampossa (AN): Não há dúvidas que sim. Neste primeiro semestre, em três acidentes, perdemos cerca de 60 pessoas, o que dá uma média de 20 pessoas por acidente. É muito sangue na mesma zona. De facto, são necessárias medidas arrojadas. A nossa expetativa é ver até que ponto nós como sociedade, autoridade e condutores que somos, faremos uso disso.

DW África: Porque é que este troço da EN1 é particularmente perigoso?

AN: Manhiça é uma zona em que em termos de georreferência tem caraterísticas muito próprias. Normalmente, tem tráfego intenso, de carga e de passageiros. Pessoas a saírem da capital e a entrarem. O que nos parece é que zonas como esta devem levar as autoridades a desenvolver ações combinadas e adaptadas ao tráfego da zona. Provavelmente precisamos de ter uma fiscalização de 24 horas e mais dotada de capacidade. Precisámos de ter boas câmaras de vigilância de trânsito, duas ou três, bem como duas ou três viaturas de fiscalização a cruzarem num sentido e no outro. Mas também os automobilistas não ficam atrás. Os automobilistas que transitam esta zona precisam de saber que estão a passar uma zona de tráfego intenso e pesado. 

DW África: Para além do fator humano e das condições das estradas, o Presidente Filipe Nyusi frisou recentemente a questão da corrupção, que existe em instituições como a polícia ou escolas de condução. Não estamos perante uma questão que é uma bola de neve? Como se fiscaliza mais em entidades onde a corrupção está institucionalizada?

AN: Uma coisa é anunciarmos as medidas, outra coisa é a eficácia das medidas. O desafio é enorme em termos de purificar as fileiras em termos de corrupção. Não são poucas vezes que algumas pessoas envolvidas na fiscalização deixam muito a desejar em termos de seriedade. Estamos a falar de factos que já foram anunciados. Foi feliz este exemplo do Presidente da República, que realmente reconheceu e condenou isto, mas vamos às ações. Isso é que é importante.

DW África: O balanço que a AMVIRO faz da sessão de domingo (07.11) é positivo?

AN: À partida sim, porque esteve presente o Governador provincial e foi anunciada a alocação de três viaturas e o reforço de equipamento. Mas meios humanos nem tanto. Isto não se faz do dia para a noite. A nossa grande expetativa é que comece o projeto de requalificação da sinalização naquela zona que é uma situação crítica. Foram dadas instruções nesse sentido e o resto vamos fazendo o seguimento.(x)Fonte:DW

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