Frederick W. de Klerk, que dividiu o Prémio Nobel da Paz com Nelson Mandela e como o último Presidente do apartheid na África do Sul supervisionou o fim do governo da minoria branca no país, morreu aos 85 anos.
De Klerk morreu após uma batalha contra o cancro de mesotelioma em sua casa na área de Fresnaye, na Cidade do Cabo, confirmou na quinta-feira, 11 de Novembro, um porta-voz da Fundação F.W. de Klerk.
A nota da fundação informa que “ele deixou sua esposa Elita, os seus filhos Jan e Susan e netos".
Foi de Klerk quem, em discurso ao parlamento da África do Sul em 2 de Fevereiro de 1990, anunciou que Mandela seria libertado da prisão após 27 anos e suspendeu a proibição dos movimentos de libertação negros, declarando, na prática, a morte do Governo da minoria branca.
O anúncio electrizou um país que durante décadas foi desprezado e sancionado por grande parte do mundo pelo seu sistema brutal de discriminação racial conhecido como apartheid.
"Espero que a história reconheça que eu, junto com todos aqueles que me apoiaram, mostramos coragem, integridade e honestidade no momento da verdade de nossa história. Que tomamos o caminho certo", disse De Klerk.
Frederik Willem de Klerk nasceu em Joanesburgo a 18 de Março de 1936.
O pai dele, Jan de Klerk, foi ministro do Governo do Partido Nacional (NP) que instituiu o apartheid e o tio, JG Strijdom, foi um primeiro-ministro conhecido por privar pessoas de raça mista do direito de voto.
De Klerk seguiu os passos deles.
Em 1972, entrou para o Parlamento e ascendeu na hierarquia do NP até assumir a sua liderança em Fevereiro de 1989.
Apenas seis meses depois, o então Presidente PW Botha foi forçado a renunciar e De Klerk tornou-se o chefe de Estado.
"Quando ele se tornou chefe do Partido Nacional, parecia ser o homem do partido por excelência, nada mais, nada menos", escreveu Mandela sobre ele, acrescentando que nada no seu passado parecia sugerir um espírito de reforma."
Ainda assim, Mandela sentiu uma abertura e enviou-lhe uma carta delineando um fim negociado para o apartheid.
Menos de dois meses depois, De Klerk anunciou a libertação incondicional de Mandela e o fim da proibição do Congresso Nacional Africano.
Ele ajudou a negociar uma nova Constituição que transformou a África do Sul numa democracia não racial e entre 1994 e 1996 foi vice-presidente do próprio Nelson Mandela.(x) Fonte: VOA