Polacos acusam a Turkish Airlines de facilitar o trânsito de migrantes para a Bielorrússia. A empresa turca já endureceu regras, mas Ancara critica falhas na cooperação e na partilha de responsabilidades.
O governo turco e a Turkish Airlines rejeitaram todas as acusações: “A nossa empresa cumpre com todas as normas de segurança e regras internacionais em todos os nossos voos”, confirmou a empresa aérea turca, uma das maiores do mundo, num comunicado. “As alegacões feitas na imprensa são falsas”, segundo a referida companhia.
A União Europeia tinha ameaçado banir as companhias aéreas que transportavam migrantes para Minsk. A Iraqui airways confirmou já, que suspendeu os voos para a capital bielorrussa, enquanto a companhia aérea bielorussa Belavia deixou de aceitar passageiros de três países do Médio Oriente nas suas ligações entre Istambul e Misnk.
Vários milhares de migrantes estão há semanas em terra de ninguém, entre a fronteira bielorussa e a Polónia, enfrentando temperaturas negativas, a tentar entrar no espaço europeu.
A Polónia acusa o regime bielorusso de estar a orquestrar esta crise, como retaliação às sanções impostas pela UE contra o Presidente Alexander Lukashenko e outros membros do seu governo.
Em Maio de 2021, o chefe de Estado bielorrusso, tinha ameaçado abrir a sua fronteira aos migrantes.
Pelo menos 10 refugiados, já morreram no local. A maioria dos migrantes são de nacionalidade iraquiana, mas há também muitos sírios, afegãos, e alguns africanos.
Na Turquia, a opinião geral é que, é injusto culpar os países que fazem fronteira com a União Europeia, quando há enormes deficiências na política de migrações do bloco europeu: “É uma abordagem muito Euro-cêntrica, que revela ausência de cooperação e partilha de responsabilidades”, criticou Metin Corabatir, presidente de um think tank turco especializado em temas de migrações.
Corabatir perguntou: “Quantos refugiados é que a polónia recebeu nos últimos anos? A Turquia acolhe mais de 4 milhões de refugiados, sendo o país do mundo com mais refugiados em termos absolutos".
Na corrente semana, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergeï Lavrov, sugeriu que a União Europeia poderia oferecer assistência financeira a Minsk, à semelhança do que já faz com Ancara.
Lavrov referiu-se ao acordo assinado em 2016 entre Bruxelas e a Turquia, que resultou numa transferência de 6 mil milhões de euros para o governo de Ancara gerir os refugiados no seu território.
A comissária europeia Ylva Johansson rejeitou a sugestão, clarificando que Bruxelas “não está a pagar ao governo turco, mas a apoiar refugiados sírios na Turquia”.(x) Fonte:RFI