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sexta-feira, 19 novembro 2021 11:38

Proteger os oceanos é garantir oportunidades de desenvolvimento, diz Nyusi

O Presidente da República, Filipe Nyusi, diz que no oceano reside uma imensidão de oportunidades, desde o comércio internacional por via marítima, recursos minerais, a aquacultura e o turismo, que, quando bem aproveitados, podem contribuir para o desenvolvimento do país e do mundo. Filipe Nyusi falava nesta quinta-feira, em Inhambane, por ocasião da Conferência Azul.

Coube à ministra do Mar, Águas Interiores e Pesca, Augusta Maíta, convidar o Presidente da Republica, Filipe Nyusi, para proceder ao lançamento do Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM) e a dirigir-se aos presentes e ao mundo por ocasião da Conferência “Crescendo Azul”, que decorre sob o lema “Investir no oceano é investir para o futuro do planeta”.

De acordo com o Presidente da República, a pesca e a aquacultura, com contributo directo para milhões de pessoas, constituem “uma fonte de maior segurança alimentar e dieta diversificada, além de emprego e melhoria da balança comercial de muitos países”.

O discurso do Chefe de Estado moçambicano foi marcado por uma descrição daquilo que são as potencialidades dos oceanos, tendo destacado, igualmente, o laser, que, segundo explicou, 95 por cento das visitas ao continente africano são contabilizadas por países costeiros e para alguns Estados e ilhas, que pelas ligações inter-sectoriais que o turismo representa um peso substancial no PIB, na criação de emprego, na inclusão de género e na preservação dos valores culturais, assim como no aumento das exportações.

Adicionalmente, Nyusi destacou a necessidade de instalação de recursos energéticos, visto que, em várias reservas de produção de petróleo e gás em países conteiros, como Argélia, Egipto, Líbia, Nigéria, Camarões, Congo, Gabão, Quénia, Costa do Marfim, Sudão, Angola, Tunísia, Quénia, Tanzânia e Moçambique, acresce o potencial nas energias renováveis, incluindo o vento e as ondas do mar.

Face às potencialidades destacadas, o governante não deixou de trazer à luz alguns problemas, que têm contribuído para a degradação dos oceanos e dos recursos que neles se encontram.

“Uma preocupação que nos chega dos vários cantos do globo é a utilização indevida dos recursos, o que originará a destruição de habitats. Observam-se actos de poluição, a perda de biodiversidade, a pesca excessiva, alterações climáticas e pressões sobre mares e oceanos, decorrentes do aumento da população nas zonas costeiras, o que pressiona a capacidade dos oceanos no seu papel vital para o bem-estar da humanidade”, disse Filipe Nyusi.

O estadista moçambicano foi mais a fundo ao afirmar que a protecção da humanidade não é apenas uma questão ambiental, mas também política e de interesse global, com o propósito de tirar pleno proveito das suas potencialidades económica, sociais e culturais, devendo esta acção pautar por forte compromisso político abrangente, integrado e de longo prazo.

NYUSI DESTACA NECESSIDADE DE COOPERAÇÃO BASEADA EM DISPOSITIVOS LEGAIS

De um universo de 50 países, segundo avançou Nyusi, 38 são países costeiros numa área total sob jurisdição conjunta de cerca de 13 milhões de quilómetros quadrados, daí a necessidade de a cooperação entre os países dever-se primar pela ratificação ou implantação de um quadro legal regional e internacional.

Dos vários instrumentos, destaque foi para a convenção de Abidjan, de 1981, para os países da costa do Atlântico, a convenção de Nairobi, de 1985, revista em 2010, o código de conduta de Djibuti, de 2009, revisto em 2017, assim como o código de conduta de Yaoundé, em 2013. Não terminou por aí, o Chefe de Estado fez ainda referência ao Acordo de Paris e a recente COP26, que teve lugar em Glasgow, Escócia.

Sobre a vida animal, Nyusi lembrou que Moçambique “é o lar de cerca de 5.500 espécies de flora, 4.271 de vida selvagem terrestre, das quais 72 por cento são insectos, 17 por cento aves, cinco por cento mamíferos e quatro por cento repteis”. E, para salvaguardar as áreas de conservação no país, iniciou ainda neste ano “uma avaliação de viabilidade de rede mais, que poderá proteger e conservar três milhões de hectares na área de conservação transfronteiriça do Grande Limpopo”.

De acordo com dados avançados pelo Presidente da República, a área proposta para o projecto engloba quatro províncias, entre as quais Gaza, Inhambane, Manica e Sofala, e a visão final do projecto é criar um dos maiores corredores da conservação na terra, ligando o Parque Nacional do Zimbabwe e os parques nacionais de Banhine, Limpopo e Zinave em Moçambique, através de um projecto rede mais, agrupado e faseado com esses corredores, permitindo ainda uma ligação ao Parque Nacional Kruger, na África do Sul ou através do Parque Nacional do Limpopo, em Moçambique.

Falando sobre a Conferência Crescendo Azul, cuja primeira edição decorreu em 2019, o Chefe de Estado disse que é uma plataforma que permite o diálogo, através do qual “juntamos o movimento global por forma a contribuir para um futuro cada vez melhor no nosso planeta e promover a concertação, o alinhamento e a partilha do conhecimento necessário para a concretização dos compromissos assumidos face a agenda 2030 das Nações Unidas, em particular o objectivo número 14.

“Por isso, hoje, sob lema ‘investir no oceano é investir para o futuro do planeta’, pretendemos, a partir de Vilankulo, orientar as nossas abordagens para que a valorização da importância estratégia do mar seja concretizada, através de uma gestão sustentada das zonas marítimas.”

OCEANOS TÊM POTENCIAL ECONÓMICO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES, DIZ UHURU KENYATTA

Dentre vários convidados presentes na Conferência Azul, o destaque vai para o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, que defendeu o potencial económico que os oceanos representam para o desenvolvimento das nações.

“O oceano é uma fronteira de desenvolvimento inexplorado. O oceano tem uma base de activos estimados em mais de 24 triliões de dólares e é fonte de inesgotáveis alimentos para pelo menos 3 biliões de pessoas no mundo. E perto de 90% de mercadorias globais são transacionadas a partir dos nossos oceanos”, explicou Kenyatta.

No entanto, o Presidente Queniano apela para uma utilização inteligente e consequente para evitar a sua degradação ambiental. “As acções humanas põem os sistemas dos oceanos em permanente stress, nós despejamos mais de 8 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos todos anos. Estamos a ameaçar a estabilidade das populações dos peixes, com a pesca ilegal, clandestina e desregulada. Estamos a retirar e a destruir o ecossistema marinho ao despejarmos lixo tóxico nos nossos oceanos.

VILANKULO, MAIS NOVA CIDADE DE MOÇAMBIQUE

A Conferência Crescendo Azul teve lugar em Vilankulo, província de Inhambane, vila que foi elevada à categoria de cidade em Fevereiro de 2020, tornando-se, assim, na mais nova cidade do país.

A “terra da boa gente” é conhecida, segundo o governador da província de Inhambane, Daniel Chapo, a quem recaiu a missão de dar as boas-vindas, como a província das melhores ilhas do oceano Índico ao nível do continente africano, através do Arquipélago de Bazaruto, eleitas em 2021, a cidade dos 100 melhores destinos turísticos eleitos pela revista americana “Time” também este ano.

Segundo avançou Daniel Chapo, é na cidade de Vilankulo onde se vai realizar o Campeonato Africano de Futebol de Praia em 2022.

Expositores apresentam inovações marítimas na Conferência “Crescendo Azul”

Com a pressão exercida no mar, o peixe começa a escassear e a solução está na piscicultura. Benny Nhambi é um expositor que trabalha na investigação e uma delas tem a ver com o melhoramento genético do peixe tilápia.

Do Centro de Pesquisa de Aquacultura de Chókwè, Nhambi disse que, neste momento, estão na fase de produção da 3ª geração da tilápia, que cresce até 350 gramas num intervalo de seis meses, mas pretende-se chegar até quatro meses.

Além disso, pretende-se estender a cultura de peixe em cativeiro, não só nos tanques escavados, mas também no mar aberto através da instalação de gaiolas.

Cerca de 12.5 milhões de toneladas de lixo plástico são depositadas, anualmente, nas águas moçambicanas, acção tida como um dos principais poluidores do mar e que impacta directamente nos recursos marinhos.

Com vista a reverter este cenário, o Governo está a elaborar um Plano Nacional de Combate ao Lixo Marinho, um documento considerado crucial para a identificação de maiores problemas e apontar para acções de rápido impacto, incluindo programas de reciclagem.

Enquanto o plano não chega, Shanila Saide, uma jovem de Vilankulo, decidiu fazer diferente. Ela recolhe o lixo na praia tal como garrafas plásticas e de vidro, para depois fazer objectos de adorno que são vendidos naquela cidadé.(x) Fonte:OPaís

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