Segundo dados do Governo, há cerca de dois milhões de pessoas em insegurança alimentar aguda em Moçambique. A província de Cabo Delgado apresenta maior número, sendo 932.136 pessoas e a Cidade de Maputo detém o menor número, estimado em 58, 242.
A Organização das Nações Unidas, através do Fundo para Agricultura e Alimentação (FAO), e Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertaram em Julho passado para o aumento da insegurança alimentar aguda no período entre Agosto e Novembro do ano corrente em Moçambique.
A ONU estima em cerca de 1,4 milhão de pessoas que poderão enfrentar insegurança alimentar no extremo norte. A situação pode tornar-se crítica, devido à violência causada pela insurgência e eventos naturais recorrentes.
Esta segunda-feira, o Governo, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, disse que tende a reduzir o número de pessoas que enfrentam a segurança alimentar aguda. Em 2020, houve registo global de 2, 678, 083 pessoas a enfrentarem fome, o número caiu para 1, 857,642 para o presente ano. Na província de Cabo Delgado, 579, 272 pessoas foram afectadas, ano passado, pela fome e, este ano, o número disparou para 932, 136. A Cidade de Maputo registou, em 2020, um total de 183,647 pessoas e, este ano, o número caiu para 58,242 pessoas em insegurança alimentar.
O Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) divulgou os resultados da avaliação de segurança alimentar e nutricional aguda pós-colheita, que abrangeu as 10 províncias e a Cidade de Maputo, envolvendo 5. 064 agregados familiares. A avaliação foi feita no período de 26 de Setembro a 11 de Outubro do ano em curso, como fez saber Celmira da Silva, secretária executiva do SETSAN.
“Através dos dados comparativos em relação a 2020, podemos ver que o número de pessoas em insegurança alimentar diminui, em cerca de 44% em relação ao ano passado. E as projecções para os meses de Abril e Setembro do próximo ano indicam que o número de pessoas em insegurança alimentar venha a decrescer à mercê da nossa campanha e do processo produtivo que agora inicia.”
De acordo com o Ministério de Agricultura, é direito de todas as pessoas terem acesso físico, económico, sustentável e uma alimentação adequada em quantidade e qualidade aceitável, para satisfazer as necessidades alimentares. Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável apontam para a erradicação da fome no mundo até 2030.
Celso Correia diz ser imperioso melhorar a situação nutricional do país. “A grande meta do país é ter 90 milhões de refeições enquanto somos 30 milhões de pessoas, porque o efeito demográfico irá aumentar. E quem faz o cálculo matemático poderá saber que, com 90 milhões de refeições por dia, qual será o ritmo de crescimento do país.”
As Nações Unidas reafirmam a necessidade de mais apoio técnico e financeiro a Moçambique para inverter o actual quadro nutricional.
Quanto à reserva de alimentos por agregados, de acordo com o SETSAN, houve aumento. A província de Cabo Delgado passou de 33% para 78% em termos de reservas alimentares e Maputo Cidade saiu de 6% para 32%.(x) Fonte:OPais