Teve início na segunda-feira em Dacar a sétima edição do "Fórum sobre a Paz e Segurança em África ", com a participação de várias personalidades, nomeadamente o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat. O encontro tem como objectivo reflectir sobre soluções tendentes a eliminar a violência e as guerras do continente africano, actualmente confrontado com uma vaga de terrorismo. Moussa Faki Mahamat, chamou a atenção para as implicações do terrorismo em África.
°Iniciado a 6 de Dezembro de 2021 em, Dacar capital do Senegal, o sétimo Fórum sobre a Paz e a Segurança em África visa reflectir sobre estratégias e soluções, de forma a pôr termo aos conflitos e a manter a estabilidade institucional e democrática no continente africano.
Entre os dirigentes presentes no fórum de Dacar estão, nomeadamente, o chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat. A França e a União Europeia são representados, através, respectivamente, da ministra da Defesa, Florence Parly e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Na sua alocução de abertura do Fórum de Dacar, Moussa Faki Mahamat, chamou a atenção para as implicações do terrorismo sobre a estabilidade democrática e institucional em África.
"O que fizemos nós para sermos actualmente o continente onde o terrorismo se alastra, onde se multiplicam as mudanças anti-constitucionais praticamernte sem problemas. Já é tempo, mais do que tempo, de colocar a questão, simples, mas defintivamente fatal. Porquê que chegamos a esta situação?
Eu sei, pelo facto de vivê-lo no dia -a- dia, que a África realizou coisas boas, em matéria de integração e de posicionamento internacional . Todavia , no que diz respeito à resistência ao terrorismo e ao recuo da nossa modernidade democrática, nós não podemos evitar o lancinante questionamento. Manifestamente, nós devemos antes de tudo procurar a resposta em nós próprios, devido ao défice de solidariedade entre africanos.
Na maioria dos casos, os Estados africanos observam o que se passa e desviam o olhar, e nada mais".
( Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana)
Segundo os analistas, a dificuldade em combater o terrorismo em África, reside no facto de que os países do continente não falam a uma só voz.
O Presidente sul-africano,Cyril Ramaphosa, aproveitou a tribuna do Fórum sobre a Paz e a Segurança em África para lançar um apelo à unidade entre os Estados africanos.
Por seu lado o seu homólogo do Níger, Mohamed Bazoum, referindo-se especificamente à luta contra o terrorismo, considerou que a força G5 do Sahel actua num quadro muito limitativo, daí a sua ineficácia, assim como destacou a falta de consenso entre os países africanos.
Segundo observadores no Sahel, a força Takuba, formada por militares de países europeus , que vai prosseguir a luta contra o terrorismo na região corre, a médio prazo, o risco de demonstrar a sua ineficácia à semelhança do se passou com a operação Barkhane.
Os participantes no fórum de Dacar consideraram que os desafios com os quais a África está confrontada ultrapassam a questão militar e abrangem a problemática do desenvolvimento. Eles sublinharam a necessidade de lutar contra a pobreza no Sahel, por intermédio, designadamente, de trocas comerciais mais equitativas com os países ricos.
Numa entrevista concedida em Dacar, conjuntamente à RFI e à France 24, a ministra da Defesa de França, Florence Parly, denunciou o recurso a mercenários para lutar contra o terrorismo em África, visando a agência de segurança privada russa, Wagner que opera no Mali.
Segundo Parly, a França não está disposta a aceitar uma intervenção russa no Sahel, tanto com militares como através de mercenários.(x) Fonte:RFI