Houve um crescimento de 8.2 por cento de produção na Campanha Agrária 2020/2021 contra os quatro por cento que tinham sido projectados. Em termos numéricos, o país conseguiu uma colheita correspondente a 321 biliões de meticais. O ministro da Agricultura diz que estes números devem contribuir para a erradicação da fome em Moçambique.
Estão reunidos, no distrito municipal da KaTembe, Cidade de Maputo, quadros do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, no segundo Conselho Coordenador da instituição, para o balanço das actividades e traçar caminhos rumo à fome zero em Moçambique até 2030.
No evento, que conta com mais de 100 participantes, sob as medidas prevenção da COVID-19, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural fez o discurso de abertura, tendo destacado os resultados alcançados na Campanha Agrária 2020/2021.
“Fazer referência que o sector da agricultura superou o seu crescimento. Projectávamos crescer 4.1 por cento, mas atingimos 8.2 por cento na última Campanha Agrária, crescimento este que foi referenciado pelo Presidente da República que contribuiu, largamente, para a retoma económica de Moçambique”, indicou Celso Correia, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Em termos monetários, esta produção significa “cerca de 321 biliões de meticais, a preços correntes, naturalmente, do mercado, ou seja, uma contribuição robusta de perto de 25 por cento do PIB nacional”.
Os cereais foram os que maior contributo deram para o sucesso da última Campanha Agrária. “Importa referir que os cereais cresceram em 12 por cento, também com o impulso do arroz, as leguminosas oito por cento a nível nacional, oleaginosas foram 26 por cento, dentro de uma nova dinâmica do fomento que estamos a seguir, em particular das culturas de soja, gergelim e girassol. As amêndoas cresceram em cinco por cento, num ano desafiante, em particular para a indústria da castanha de caju, mesmo assim, permitiu que crescêssemos. Nas frutas, houve um crescimento considerável de 44 por cento”, enumerou Celso Correia.
Mas, não foi só nesses domínios nos quais houve sucessos no sector da agricultura. Celso Correia revelou, também, números encorajadores na silvicultura e pecuária. “Na silvicultura, demos passos significativos, explorando as dinâmicas locais, nomeadamente, com a presença das multinacionais que consomem muito o eucalipto, passando Moçambique a exportar 150 metros cúbicos de eucaliptos, algo que já não acontecia há algum tempo”, revelou o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Já na pecuária, “o crescimento mantém-se constante com destaque para avicultura, depois de um ano tremendo em termos de trabalho de contrabando, foi possível crescer nove por cento, apesar de os números estarem abertos, pois estamos, ainda, em período de produção e de consumo ou no ponto mais alto de consumo. Fazer referência ao gado bovino que cresceu em quatro por cento e tem impacto no PIB”.
Estes dados só farão sentido, segundo o titular da pasta da Agricultura e Desenvolvimento Rural, se se reflectirem no objectivo de acabar com a fome no país até 2030.
“Foi com muita satisfação que o país registou a retirada de cerca de um milhão de moçambicanos, aproximadamente. Este é um caminho que temos que seguir, é o caminho que nos orienta. Naturalmente, os desafios estão lá. Ainda temos cerca de 1.6 milhões de moçambicanos em dependência da assistência humanitária e que também precisam de uma atenção especial no que diz respeito à sua integração na próxima campanha em linhas e sistemas produtivos”, apontou o governante.
O caminho supracitado, de acordo com Celso Correia, é o rumo para a fome zero. Aliás, fez questão de lembrar que, no último Conselho Coordenador, se tinha assumido o compromisso de, nos próximos dois anos, “estarmos ainda dentro do prazo, temos que ser capazes de marcar a data e a hora do anúncio do fim da fome em Moçambique.
“Tenho afirmado que um dos maiores desafios da República é assegurar que possamos ter 90 milhões de refeições por dia e estas 90 milhões de refeições por dia, a serem alcançadas com qualidade, significarão a maior transformação da nossa história. É inconcebível que nações a nível global ainda tenham registo de fome. Portanto, mais do que um objectivo, é uma obrigação de todos nós trabalharmos para tal fim”, exortou o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
O segundo Conselho Coordenador, que decorre sob o lema “Moçambique Rumo à Fome Zero até 2030”, realiza-se após o primeiro ano de implementação do programa Sustenta a nível nacional.(x) Fonte: O País