Analistas alertam que uma eventual não renovação da força militar pode ter consequências em toda a região
Uma eventual retirada da missão militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) destacada na povíncia moçambicana de Cabo Delgado, cujo mandato termina em Janeiro, vai significar um fracasso não só para Moçambique como também e sobretudo para a região, com o alastramento do jihadismo à província do Niassa, num contexto em que as forças armadas moçambicanas ainda denotam fragilidades.
Alguns especialistas dizem ter havido um optimismo exagerado, sobretudo ao nível do partido no poder relativamente à situação em Cabo Delgado, quando foram destruidas todas as bases da insurgência, sem se ter em conta que esta podia se alastrar a outras províncias, Niassa, neste caso concreto.
"Havia toda uma euforia à volta da situação em Cabo Delgado", diz o analista político Lucas Ubisse, adiantando que "com o avanço dos terroristas para o Niassa, ganha mais força a necessidade de diálogo como uma das soluções para este problema, uma vez que a capacitação das forças armadas ainda vai demorar algum tempo".
Em Janeiro termina o prazo da Missão em Estado de Alerta da SADC, e o jornalista Fernando Lima diz que "há um trabalho sério e profundo a fazer nas Forças Armadas de Moçambique, porque o apoio internacional não vai durar sempre".
Aquele analista político alerta que em Janeiro já expira mais um prazo, "e vai ser mais difícil renová-lo, pelo que a negociação para a permanência da força da SADC será mais complicada em termos materiais e logísticos porque a presença de um grande contingente custa dinheiro e alguém tem que pagar a factura".
Mas o investigador Borges Nhamirre diz acreditar na prorrogação do mandato da força da SADC, recordando que o prazo já foi alargado até Janeiro que vem, quando terminou em Outubro, "e a justificação dada na altura foi que as condições iniciais quando o contingente chegou se mantêm até agora, com o alastramento dos ataques ao Niassa".
"Eu penso que a força da SADC não se vai retirar, mas se se retirar, será um fracasso total da região; eu penso que o que a região deve fazer ´mobilizar mais fundos para manter a sua missão em Moçambique", realça aquele analista político.
Para Borges Nhamirre, a força ruandesa também vai-se manter, sublinhando que "acho que essa nem vai sair, enquanto o actual Presidente continuar porque o que me parece é que não é uma situação pensada para o próximo ano, penso que vai permanecer por muito mais tempo".
Recorde-se que o comandante geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, admitiu publicamente esta semana que insurgentes estão na província de Niassa, onde um dos seus líderes foi morto pelas forças conjuntas.(x) Fonte:VOA