A reintrodução, semana passada, de guias de marcha para circular em Nangade, na província de Cabo Delgado, está a provocar um desconforto entre a população, sobretudo dos deslocados dos ataques de terroristas, que consideram a medida descabida, uma vez que enfrentam várias dificuldades.
“Nos postos de controls (militares) por onde passas sempre perguntam guia de marcha, que é uma declaração passada pelo secretário do bairro (de origem)”, disse à VOA Abu Algy, um morador de Nangade, que considera a medida eficaz para evitar a infiltração de homens armados, mas com custo elevado para quem se desloca em busca de meios de sobrevivência.
A sua emissão do referido documento, disseram à VOA vários moradores locais, é mediante o pagamento de um valor de 100 meticais por viagem (um dólar e meio), um valor que está a ser contestado por ser demasiado alto para uma população que enfrenta dificuldades para se alimentar.
“Cem meticais é um valor muito alto, o valor que já se tinha determinado era de 20 a 50 meticais, mas há secretários que estão a desvirtuar”, disse à VOA um outro morador na condição de anonimato.
Os nossos entrevistados disseram que as pessoas encontradas sem as guias são punidas com chicotadas e trabalho forçado.
Tomada de bases de Chai
Uma fonte do governo local, sem gravar entrevista, disse que militantes de grupos que atacam a província de Cabo Delgado conseguiam “furar” os postos de controlo militar, montados ao longo de várias estradas da região, mediante a exibição de bilhetes de identidade e movimentavam para reabastecer as suas bases, justificando por isso a medida.
Entretanto, A força conjunta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral anunciou a captura de duas bases em Chai, situadas no topo de montanhas no distrito de Macomia, tendo apreendido diverso material bélico.
Um comunicado daquela força diz que entre o material confiscado constam armas do tipo metralhadoras PKM, AK47, lançadores RPG 7, e granadas.
A província de Cabo Delgado é desde 2017 alvo de ataques de terroristas ligados ao Estado Islâmico. Há registo de cerca de 3100 mortes e, pelo menos, 800 mil pessoas deslocadas.(x) Fonte: VOA