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quarta-feira, 05 janeiro 2022 09:17

Moçambique: Escolas excluem crianças com deficiência

O director executivo da Associação Amigos da Criança Boa Esperança em Moçambique, Victor Maulana, alerta para o facto da maior parte das escolas da província do Niassa não estarem preparadas para receber crianças com necessidades especiais. O responsável associativo aponta o dedo às autoridades, reconhecendo que a falta de profissionais qualificados e a existência de barreiras físicas impede a província de alcançar a inclusão educativa destas crianças.

“ Algumas escolas têm o exemplo, mas não têm a acessibilidade adequada. Eu, como pessoa com deficiência, sinto que a rampa não facilita o movimento das pessoas que se querem movimentar sozinhas e chegar à sala de aula. A própria sala de aula não está preparada para pessoas com deficiência”, refere.

Victor Maulana defende que outro desafio passa pelo recrutamento de profissionais qualificados para lidar com as necessidades especiais dos alunos.

“Em Moçambique, quase na totalidade, não existem professores qualificados, salvo na Beira, onde está sediada a ACAMO-Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique- depois as outras províncias não têm as mínimas condições”, esclarece. 

O Director executivo da Associação Amigos da Criança Boa Esperança aponta o dedo às autoridades, admitindo que não há vontade política para melhorar as condições de acesso à educação destas crianças.

“A falta de vontade política pode estar na origem desta situação. Porque dizer que não há recursos seria mentir. Há muitos financiadores que apoiam o sector da educação, nomeadamente as pessoas com deficiência, mas a aplicação desses fundos não está a ser a mais adequada”, garante.

O responsável associativo considera que é urgente que as autoridades mobilizem os recursos necessários para formação de quadros especializados e para equipar os estabelecimentos de ensino. 

De acordo com os dados recolhidos pelas autoridades em 2020, duas em cada três crianças com deficiência estão fora do ensino escolar. Para contrariar esta realidade, o Ministério moçambicano da Educação e Desenvolvimento Humano lançou, em Dezembro, a Estratégia da Educação Inclusiva e Desenvolvimento da Criança com Deficiência 2020-2029, que pretende a reestruturação do sistema educativo como um todo.

A iniciativa do governo preconiza que os direitos educativos de todos os alunos deve ser assumida no campo de acção das grandes directrizes educativas e intersectoriais.(x) Fonte:RFI

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