Organização reage assim ao anúncio da Etiópia, na semana passada, da abertura de um inquérito aos comentários do seu diretor-geral sobre a situação humanitária em Tigray.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua determinada a exigir o acesso humanitário à região de Tigray, apesar da queixa apresentada pela Etiópia contra o líder da organização.
O governo etíope pediu na quinta-feira uma investigação ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelos seus comentários sobre a situação humanitária em Tigray, de onde o próprio é originário.
A organização reagiu, este domingo (16.01), afirmando estar "ciente de que o Ministro dos Negócios Estrangeiros etíope enviou uma nota verbal", mas que "continuará a apelar ao governo etíope para que permita o acesso humanitário aos sete milhões de pessoas que vivem em Tigray, que têm estado sob um bloqueio de facto há mais de um ano, segundo a ONU".
A OMS acrescentou que a crise em Tigray está a ser tratada da mesma forma que todas as crises humanitárias em que a OMS é chamada a intervir, e lembrou que não tem sido capaz de fornecer material médico à região desde 15 de julho de 2021.
"Má conduta", diz governo etíope
Na quinta-feira, o governo etíope disse, numa declaração, que afirmações de Tedros Adhanom Ghebreyesus ameaçavam a integridade da OMS, apelando a uma investigação contra ele por "má conduta e violação da sua responsabilidade profissional e legal".
"Em nenhum outro lugar do mundo vemos uma situação tão infernal como em Tigray", afirmou então o diretor-geral da OMS, acrescentando que é "terrível e inimaginável nos dias de hoje, no século XXI, que um governo negue ao seu próprio povo, durante mais de um ano, o acesso a alimentos, medicamentos e tudo aquilo de que este necessita para sobreviver".
Tedros Adhanom Ghebreyesus "interferiu nos assuntos internos da Etiópia, incluindo as relações da Etiópia com o Estado da Eritreia", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope, citando uma carta enviada à OMS.
Também a missão da Etiópia nas Nações Unidas também protestou contra as observações do chefe da OMS e exortou-o a "recusar-se de todos os assuntos relativos à Etiópia".
Desde julho do ano passado que a OMS não está autorizada a enviar medicamentos e equipamento médico para Tigray, apesar de repetidos pedidos, feitos mesmo junto do gabinete do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed - laureado com o Nobel da Paz em 2019 -, e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, segundo Tedros Ghebreyesus.(x) Fonte:DW