Pelo menos 11 pessoas morreram na sequência de uma série de bombardeamentos da coligação chefiada pela Arábia Saudita em Sanaa, capital do Iémen, em represálias contra o ataque que vitimou ontem 3 pessoas em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e que foi reivindicado pelos rebeldes Hutis, em conflito contra o governo iemenita e seu aliados regionais da coligação integrada nomeadamente pelos Emirados Árabes Unidos.
De acordo com fontes médicas e testemunhos locais, entre as 11 vítimas dos bombardeamentos desta madrugada em Sanaa, cidade controlada pelos Hutis, figura um antigo representante do exército iemenita, a sua esposa, o seu filho e outros familiares.
A ofensiva da coligação chefiada pelos Sauditas aconteceu poucas horas depois do ataque ontem em Abu Dhabi reivindicado pelos Hutis que ameaçaram lançar novas ofensivas e recomendaram aos civis e empresas estrangeiras que evitem os "locais vitais" dos Emirados.
Na sequência do ataque desta segunda-feira em Abu Dhabi, foram numerosas as condenações. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou "todas as partes a observar um máximo de contenção", por seu turno, ao qualificar este acto de "terrorista", os Estados Unidos prometeram que vão obrigar os rebeldes a "prestar contas" e Israel apelou a comunidade internacional a "actuar para impedir o Irão e seus aliados de comprometer a segurança regional".
O Presidente francês quanto a si "condenou firmemente" os ataques lançados ontem pelos Hutis e declarou que o seu país continua "mobilizado a favor de uma solução política duradoira no Iémen".
Os Emirados Árabes Unidos e a França, recorde-se, cultivam elos de cooperação estreitos. No passado mês de Dezembro, aquando da visita de Emmanuel Macron a Dubai, os Emirados procederam à encomenda Record de 80 caças 'Rafale', um contrato cuja importância foi na altura saudada pelo Presidente francês.
Num recente relatório contudo, juntamente com outras organizações, a Federação Internacional dos Direitos do Homem denunciou o facto de as armas francesas vendidas aos Emirados terem sido utilizadas no conflito do Iémen "em violação das obrigações internacionais" da França.
Desde 2014, os Hutis estão em conflito com o governo do seu país, o Iémen. A partir de 2015, a Arábia Saudita e outros parceiros regionais, nomeadamente os Emirados Árabes Unidos, envolveram-se nesta guerra, apoiando o campo governamental, enquanto o Irão tem estado do lado do campo rebelde.
Este conflito para o qual no imediato não se vislumbra uma solução, causou uma das mais graves crises humanitárias vigentes a nível mundial. Recentemente, a ONU contabilizou no Iémen cerca de 16 milhões de pessoas a sofrer de insegurança alimentar, 5 milhões estando inclusivamente em risco de fome. (x) Fonte:RFI