Em Moçambique, foram registados 347 processos por terrorismo em Cabo Delgado no ano de 2021. Deste número total, apenas 11 resultaram em detenções efectivas. Estas informações foram avançadas por Ntengo Crisanto, director do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) em Cabo Delgado.
“Foram registados 347 processos e destes apenas 11 com arguidos presos. Os restantes 336 sem arguidos presos", começou por referir o representante da polícia, referindo que, deste leque, 344 processos continuam em fase de instrução.
Depois, o director do SERNIC revelou que este organismo tem "encarado vários constrangimentos" ao longo do tempo, uma vez que "o número de processos pendentes, os denunciantes e declarantes são de difícil localização porque muitos deles estão a viver como deslocados ou foram acolhidos por familiares".
A falta de instalações do Sernic nos distritos que, ao longo do tempo, têm sido dos mais afetados pelos insurgentes dificulta a operação das autoridades.
"A situação piora pelo facto de nos distritos de Palma, Muidumbe, Quissanga e Mocímboa da Praia não terem instalações do Sernic", explicou ainda Ntengo Crisanto.
Por seu turno, o secretário de Estado da província de Cabo Delgado, António Supeia, também defendeu a importância da instalação da polícia de investigação moçambicana nos distritos mais afectados pelos insurgentes.
“É preciso que se instale o Sernic nos distritos onde precisamos que a vida da população arranque, no quadro do plano de reconstrução de Cabo Delgado" para que possa combater "o crime organizado, a corrupção, o terrorismo e o extremismo violento", explicou.
Depois, António Supeia reiterou que uma relação próxima com a população facilita o trabalho das forças de segurança no terreno.
"É preciso manter uma boa relação com as comunidades para que logremos sucessos no nosso trabalho, quer investigativo, quer operativo no âmbito do combate ao crime organizado e terrorismo", rematou.(x) Fonte:RFI