Contas feitas pelo “O País” revelam que, em apenas sete meses, morreram, só na Estrada Nacional Número 1, 97 pessoas vítimas de acidentes de viação. Mesmo sem ter terminado, o mês de Janeiro já causou a morte de 34 pessoas na referida estrada. Essa situação volta a reacender o debate sobre a sua reabilitação.
A nossa contabilização começa no 3 de Julho de 2021, uma data que ficou para história como um dos dias mais negros do país. Na Manhiça, em plena Estrada Nacional Número Um (EN1), 32 vidas foram interrompidas e dezenas de pessoas ficaram com sequelas que irão carregar para toda a vida. O sinistro provocou uma série de debates sobre as causas e culpados. O certo é que houve demissão da directora-geral do INATRO e o director nacional dos Transportes e Segurança.
No entanto, essa não foi a solução para o problema, porque, três meses depois, isto é, no dia 7 de Outubro, Manhiça assistiu a mais um sinistro. Desta vez, morreram seis pessoas e outras seis ficaram gravemente feridas depois de um despiste e capotamento de uma minibus, que seguia a direcção Maputo-Magude.
Ainda na Manhiça, um mês depois, isto é, no dia 6 de Novembro de 2021, mais sangue na EN1. Um aparatoso acidente matou 14 pessoas no local e outras três morreram depois, totalizando 17. O sinistro envolveu um transporte semi-colectivo de passageiros e uma viatura ligeira. Na ocasião, o Comandante-Geral defendeu a punição severa dos que chamou de irresponsáveis.
Mesmo assim, os acidentes na EN1 não pararam. No dia 4 de Setembro, um acidente de viação do tipo despiste e capotamento causou a morte de 5 pessoas e outras 21 ficaram feridas em Nampula.
No dia 14 de Dezembro de 2021, mais um acidente na EN1 na zona de Michafutene/Marracuene. No sinistro que envolveu um camião, um semi-colectivo de passageiros e uma viatura ligeira causou a morte de três pessoas e mais de uma dezena de feridos. O troço onde ocorreu o acidente não era iluminado.
Já na Zambézia, no primeiro dia do ano 2022, um embate entre um camião e uma viatura de transporte de passageiros causou a morte de cinco pessoas e houve ainda registo de oito feridos, entre graves e ligeiros, no distrito de Namacurra. Em resultado do embate, a viatura do tipo minibus ficou desfeita.
O início do ano 2022 reserva mais. No dia 11 de Janeiro, uma viatura de cabine dupla despistou-se e caiu de baixo de uma ponte por onde passa o rio Cuenga, na zona de 3 de Fevereiro, na Manhiça, e ficou submersa. Em resultado do sinistro, duas pessoas morreram.
No último sábado, na Zambézia, concretamente em Mopeia, uma colisão entre um camião e um transporte semi-colectivo de passageiros matou 27 pessoas. Face a esses cenários, o Governo já veio a público fazer promessas em relação a essa estrada.
“Há necessidade de se alargar a EN1, devido ao fluxo de viaturas que se fazem naquela via. Trata-se de um projecto cuja implementação o Governo está a avaliar. É possível que essa intervenção aconteça dentro deste mandato”, esperançou, no dia 04/07/2021, Janfar Abdulai, ministro dos Transportes e Comunicações.
Entretanto, as promessas não ficaram por aí. O dirigente garantiu, no ano passado, que no INATRO haverá uma entidade responsável por gerir, controlar e investigar os acidentes de viação, como forma de assessorar o Governo na tomada de decisões sobre a problemática.
A verdade é que os acidentes não param e a acção da referida entidade ainda não se faz sentir. Depois de serem acusadas de ter responsabilidade na alegada má formação dos automobilistas, as Escolas de condução defenderam reciclagens e testes psicotécnicos regulares aos automobilistas.
Face a essa sugestão, o Governo ainda não apresentou um posicionamento público. Contas feitas, desde o sinistro de Maluana até esta parte, o jornal “O País” reportou a ocorrência de oito acidentes, na EN1, que causaram 97 mortos. Um dado curioso é que, dos 97 óbitos registados, entre Julho do ano passado a esta parte, 57 ocorreram no distrito da Manhiça, província de Maputo.(x) Fonte:O Opais